Da santidade perdida
Incompreensível a polêmica "o que mulher bonita tem a ver com cerveja?". Resultou até em proibição na propaganda da bebida. Mera questão de gosto. …
Incompreensível a polêmica "o que mulher bonita tem a ver com cerveja?". Resultou até em proibição na propaganda da bebida.
Mera questão de gosto. Há quem prefira as mulheres, há quem as substitua pelas cervejas, que chamam de "louras geladas". Há quem, ao mesmo tempo, ame as duas "de paixão". E há quem fuja das duas como o diabo da cruz. Credo!
No meio de tudo isso, a lembrança de um dos mártires da batalha contra o pecado, que perdeu até as glórias do altar, apesar de ter vivido sempre imerso na mais pura das virtudes. Como em todas as guerras, as maiores vítimas são mesmo os inocentes.
Falo de Santo Onofre, melhor dito, agora simplesmente Onofre, de santidade cassada por ser padroeiro de certos pecadores. Em vida, foi eremita da Tebaida, deserto do Egito. Ali viveu anônimo, em penitência, isto é, em jejum e castidade, durante 60 anos. Só pouco antes de morrer, um monge chamado Pafúncio o descobriu.
A princípio, foi tido como o santo que garantia o pão de cada dia aos seus devotos. Logo em seguida tornou-se protetor dos jogadores, que têm o feio hábito de colocar sua imagem entre as pernas, para que traga boa sorte no pano verde. Como um vício puxa outro, Onofre foi considerado também o padroeiro dos bebuns.
Há quem acredite que não despreze uma cachacinha, da boa. Uma das oferendas que a ele se faz, para que um alcoólatra deixe de beber, é um copo de cachaça, bem cheio, posta diante de sua imagem. Dizem que a cachaça se some por encanto. Dizem. Alguns até falam que é ele quem bebe.
Pobre Onofre, de costas muito largas. Bebesse o que dizem, não haveria fígado que agüentasse.