Cracolândia, pais e professores
Tentei ver, esta semana, na TV, o filme Meu Nome não é Johnny, aquele que mostra a vida de um traficante brasileiro cuja meta …
Tentei ver, esta semana, na TV, o filme Meu Nome não é Johnny, aquele que mostra a vida de um traficante brasileiro cuja meta maior era torrar 1 milhão de dólares em um ano. Não fui até o final, embora eu goste muito do Selton Melo. Mas o filme era meio lento, eu estava cansada e, na verdade, enojada com o tema, ainda mais na época em que só se falava na cracolândia paulista e nos a favor e nos contra a polícia e o Geraldo Alckmin. E faço questão de reafirmar que sou totalmente favorável à ação do governo de São Paulo: tem de agir, tem de remover os caras, tem de jogar spray de pimenta e bala de borracha mesmo nos resistentes de qualquer idade porque com doidão não tem conversa. E faço minhas as palavras de um taxista que, falando na babaquice dos pais hoje em dia, me disse: "Filho atende a gente por respeito ou por medo. Se não vai por um jeito, vai por outro".
Mesmo que tentem me convencer de que a questão das drogas é universal e que precisamos de grupos de trabalho para criar "intimidade" com os viciados para convencê-los a abandonar este monte de merda que consomem, não movo uma palha para qualquer ação neste sentido. Sou das que acham que só cai na droga quem quer. E não me venham com papinhos de gente que não teve oportunidade na vida, sofria muito, ou fome, apanhou da mãe, foi violado pelo padrasto, viu o pai se enfocar etc etc etc, que é tudo conversa de quem quer inventar a roda ou, pior, aparecer e, se der, ganhar uns trocos com alguma ONG maldosa.
Assisti, num telejornal, a familiar de um dos craqueiros que viviam naquele horror que foi desmontado em São Paulo se queixar de que o irmão pelo menos estava ali, ela sabia onde ele se localizava mas, depois da ação repressora, o mano tinha sumido. Então é assim? O cara pode morrer craqueando e matar quantos quiser para manter o vício, desde que a família saiba onde ele está? E a criatura ainda chorava por "desespero" por ter perdido o irmão de vista! Me poupem.
O que falta é pai e mãe presentes, e muito castigo para as ações ruins de um filho desde que comece a entender o mundo. Ou ele vai crescer achando que pode tudo. E, sim, senhores e senhoras: vale uma palmada na bunda e um tapa na mão quando inventar de enfiar coisas nas tomadas, ou resolver meter a mão na cara da mamãe para ver até onde vai seu poder. Lei contra palmada? Acho que quem fez é que merecia ter levado umas boas chineladas quando criança, pra não inventar palhaçada!
Toda esta porcaria que se vê nas ruas e até dentro das casas, hoje, é resultado da falta de autoridade parental acima de tudo e, claro, do desinteresse do poder público, que deixa tudo rolar e, depois, tem de usar a força pra botar a coisa nos eixos - se conseguir. Falta escola com regras claras, com uma eficiente atitude de direção e professores que tenham coragem e respaldo para tirar de aula o aluno agressivo, mal-educado e mau exemplo para os demais. Sem educação em casa e educação na escola, estaremos a cada dia mais lascados. Tanto os pobres quanto os remediados e os ricos. E a droga entra por aí, pelas brechas do descaso, da preguiça e da incompetência de pais e educadores.
Quem quer, não entra nessa trip maldita da maconha, da cocaína, do crack e de toda esta imundície. E quem entra, que segure a onda, aguente as consequências, família inclusive. E, sim, um pai e uma mãe sabem quando um filho se droga, não tem como não saber, mesmo que trabalhe 16 horas fora e que só veja a prole no final de semana. A incomodação de mamãe e papai é o prêmio por sua acomodação, salvo exceções, evidentemente.
Falta trabalho pra essa gurizada também, responsabilidade, comando. Vejo velhos trabalhando e meninos e meninas nas esquinas, tomando cerveja e puxando fumo com olhar desafiador. E vai piorar. Há pouco, um vizinho de minha mãe, um homem de mais de 70 anos, desmontou um imenso armário para ela, lixou paredes, rebocou onde estava muito ruim e pintou todo um quarto em menos de um dia. Cobrou 160 reais pelo serviço feito abaixo de um calor do inferno. Nunca o vi parado, com olhar distante, deprimido. E tem mais: ele é hipertenso. Mesmo assim, está sempre arrumando a própria casa e as casas dos vizinhos que o contratam. Em contrapartida, quem oferecer um trabalho semelhante para os fofinhos de mãmi que querem iPed e otras cositas da moda de presente mesmo depois de perder mais um ano na escola, vai receber, no mínimo, um sorriso de desprezo. Valores: taí o que está faltando na tal sociedade moderna.