Coopítulo 73 - A economia avaliada (II) 39o5b

Por José Antonio Vieira da Cunha 6o3663

30/10/2023 16:54 / Atualizado em 30/10/2023 16:53
Coopítulo 73 - A economia avaliada (II)

Em coluna anterior, lembrei que em setembro de 1979 a Coojornal lançou, tendo por local a sede da Fiergs, a primeira edição da revista Ano Econômico, que seria uma de suas mais importantes publicações, embora tivesse sobrevivido por apenas três anos. Trazia informações, análises e debates sólidos sobre a realidade econômica do Rio Grande do Sul, em um cuidadoso levantamento realizado por profissionais escorados em uma convicção, a de que não há decisões, empresariais ou de governo, que possam ser eficazes e eficientes a um só tempo se não forem baseadas no conhecimento concreto da realidade em que se vive. E este conhecimento estará calcado na informação. 3tq6h

O esforço para produzir a segunda edição, em agosto de 1980, foi muito maior e penoso. A responsabilidade do anuário crescera, e a necessidade de ser ainda melhor que o anterior pesava sobre seus executores. A missão foi cumprida, muito bem cumprida, embora, como já registrei neste espaço, seu lançamento oficial não conseguiria repetir o sucesso do ano anterior. Se na primeira vez governador, vice-governador, secretários de Estado, deputados e dirigentes das principais entidades compareceram ao encontro de lançamento, desta vez foi diferente.

Poucos momentos antes do almoço na sede da Federasul veio a informação de que o governador, empresários importantes e dirigentes das entidades, inclusive da anfitriã, não compareceriam porque foram chamados para uma ?reunião importante? no comando do III Exército. Nossa indignação foi ainda maior quando soubemos das razões da realização daquele encontro no mesmo dia e horário. A repressão começava ali a ampliar o cerco ao trabalho da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre: o comandante da época fez questão de realizar seu encontro no mesmo dia e horário para esvaziar o evento da Coojornal ao mesmo tempo em que, e esta era a motivação principal, alertaria autoridades e empresários, inclusive os da comunicação, sobre os perigos da infiltração comunista na sociedade brasileira.

Assim, o lançamento da segunda edição do Ano Econômico só teria na mesa principal o vice Otávio Germano. De qualquer forma, naquela quarta-feira de agosto de 1980 a Federasul (Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul) realizaria mais uma de suas concorridas reuniões-almoço, desta vez tendo como destaque o lançamento do anuário. O presidente Ênio Verlangieri fez a saudação de praxe, aplaudindo a iniciativa pioneira da Cooperativa dos Jornalistas, e em seguida foi minha vez de ressaltar a essência do trabalho:

? Nós acreditamos que a informação é fator essencial em qualquer processo de desenvolvimento econômico e social. É a informação que nos dá a noção da realidade em que vivemos, que mostra a extensão e a profundidade dos nossos problemas, e é ela que nos encaminha às soluções e nos dá condições de avaliar o acerto ou o erro das soluções adotadas. Sem informações abundantes e confiáveis, que nos permitem ver todos os lados de cada questão, não chegaremos sequer a ter uma consciência exata da gravidade dos desafios que temos que enfrentar, quanto mais chegar a superá-los.

Nossa crença estava centrada no papel positivo que a comunicação e a informação podem ter numa sociedade como a nossa, e alertei para o fato de que o processo de comunicação e a troca de informações não se verificam apenas através de veículos impressos, nem das análises técnicas difundidas por qualquer tipo de veículo. Também a troca de experiências, a discussão dos problemas, o debate, a comunicação interpessoal são elementos ricos para o conhecimento da realidade dos problemas de todos nós. Escorado nestas premissas, fui além e ousei sugerir a realização de um encontro anual reunindo empresários, autoridades, sindicatos, e academia. O momento era oportuno, uma rara oportunidade para que todos os agentes da economia gaúcha, reunidos, debatessem e analisassem os rumos do desenvolvimento regional. ?Fica a nossa sugestão e nosso muito obrigado?, foi a última frase da manifestação.