Confissões de um colunista

Recentemente, numa sala de aula do curso de Marketing para Comunicadores, público 100% feminino, deixei escapar que era fã da Martha Medeiros. As alunas …

Recentemente, numa sala de aula do curso de Marketing para Comunicadores, público 100% feminino, deixei escapar que era fã da Martha Medeiros.


As alunas não perdoaram? O quê? Martha Medeiros? Quanta coragem para contar? E nem dava para perceber? Corneta pura!


Sou fã mesmo. Além do ótimo texto, a Martha tem uma grande sensibilidade para questões que me interessam sobremaneira - eu sabia que um dia acharia lugar para esta palavra. Suas referências coincidem com as minhas tornando a leitura, muitas vezes, um adorável processo de flashback.


Já que a coluna virou uma sessão de confissões de um quarentão, aí vai mais uma: já chorei vendo Simplesmente Amor.


Você viu o filme? Romântico, com um quê agridoce. Super-elenco: Emma Thompson, Hugh Grant, Keira Knightley, Laura Linney, Liam Neeson, Colin Firth, Lúcia Moniz, entre outros, participam de histórias que se entremeiam, abordando temas diversificados como amor, sexo, adultério, morte, cultura inglesa e infância. De forma divertida, trata dos encontros e desencontros desta vida, como diria o Poetinha.


A cena que me comoveu: o Colin Firth, no início do filme, descobre que sua namorada tem um caso com seu irmão. Recolhe-se em uma vila no sul da França, onde a a ser atendido por uma empregada, personagem da atriz portuguesa Lúcia Moniz, que não domina o inglês. Os dois apaixonam-se ainda que sem conseguir uma comunicação plena; um só falando inglês, outra somente o charmoso português de Portugal. Há uma cena de tirar o fôlego, quando Lúcia, só de lingerie, mergulha num açude. Que tatuagem no extremo sul da espinha!


(Arre! Enfim, um comentário de macho na coluna!)


No final do filme, o Colin Firth volta a procurar Lúcia. Desta vez, porém vai à França, com um novo conhecimento. Para pedi-la em casamento, ele usa um atrapalhado português recém-assimilado.


O que calou fundo para mim foi a questão da língua. Num filme inglês, uma cena que em si tem um clima emocional bárbaro, é temperada por um ator inglês falando português.


Na verdade, a língua portuguesa, além de linda, é um símbolo da nossa identidade cultural, remete-nos a tudo que temos, ou imaginamos que temos, de bom. É a forma através da qual, fora do Brasil, encontramo-nos e percebemos quão semelhantes ficamos, se observados por este prisma.


É a língua de Fernando Pessoa, Eça, Graciliano, Vinícius, Bocage, Chico, Caetano, Guimarães Rosa, Amália Rodrigues, Noel, Machado, Miguel Souza Tavares e tantos outros mais que produziram e produzem peças de rara beleza, privilegiados por estética e sonoridade ímpares. Você sabia que saudade não tem tradução em outras línguas. Seria a melancolia coisa nossa?


É para falar sobre a Língua Portuguesa que, trazido pela ColetivaEAC, no início de outubro, estará entre nós o Professor Nogueira. Com seu profundo conhecimento, sua simpatia e qualidade didática, ele tratará dos meandros e das peculiaridades do idioma, com ênfase na redação. O professor do Soletrando torna o aprendizado do Português algo agradável e prático, assegurando a melhoria do desempenho de acadêmicos e profissionais.

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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