Com licença…

Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.Cora Coralina José A. Vieira da Cunha, diretor-editor de …

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Cora Coralina


José A. Vieira da Cunha, diretor-editor de Coletiva, ofereceu-me ser intruso aqui,  nesta quarta-feira, eu que sou das segundas-feiras.


Cansado de molestar leitor com textos imensos, guardei este que seria o último trecho da coluna ada. Não é promessa de ser sempre frugal, mas intenção. Afinal, Érico Veríssimo só teve um filho. 


Juliana Farah é filha da minha sobrinha Marta, que é filha da mana Célia. A nossa Júlia tem uma irmã, Sofia. As três, mais o chefe, Flávio Farah, que moram em São Paulo , aram o Natal de 1991 aqui no Rio, em nossa casa.


Juliana, para quem ainda faltam alguns anos para chegar aos trinta, é psicóloga e faz parte do pacotão de gente que eu amo e a quem não via há tempos. Novembro, um encontro em Itu, amenizou parte das saudades. Em dezembro, recebi esse e-mail dela e como a emoção foi grande, dei tempo para falar sobre ele. E resolvi nem falar. Que o e-mail fale por nós dois.


Querido tio Mario:


Já faz algum tempo que recebi os e-mails com seus textos da Coletiva. Confesso que não cheguei a abri-los, por duas razões. A primeira é que não é de hoje que me lamento de não poder ler meus e-mails, só os recebo, contemplo-os e corro para mais um dia de trabalho. Eu me lembro que, há apenas alguns anos, criticava minha mãe por não responder (ou ao menos ler) meus e-mails, sob a justificativa de que recebia noventa mensagens por dia? Eu não chego a ser assim tão requisitada, mas dos poucos quinze que recebo já não dou conta!


A segunda razão é menos racional e mais afetiva: eu gostei muito do nosso encontro no sítio, adorei rever todo mundo. E gostei muito de te ver! Já fazia tanto tempo que não nos víamos que eu tinha apenas uma leve lembrança de como era gostoso estar com vocês! Assim, quando fosse ler seus e-mails, queria ter tempo de verdade para respondê-los.


Hoje resolvi tirar o dia de folga para dar atenção à minha caixa postal. Antes de ligar meu computador, entretanto, busquei entre meus papéis e cartas guardados um pequeno poema que um dia você escreveu e copiou para mim. É incrível como um poema que conheci há tantos anos, talvez na minha última ida ao Rio, ainda está na minha memória. (quando escrevi essa última frase, resolvi procurar de novo o poema e, desta vez, encontrei e vi que há uma data: 10.01.92. O poema que após 15 anos ainda está intacto na minha memória é


Natal


Blimblom, blimblom


Faz tanto tempo aquele Natal?


Blimblom, blimblom


Quando o tempo fizer toda a volta no mundo


Vai haver de novo um


Blimblom, blimblom


Igualzinho ao blimblom daquele Natal.


Só não sei se vou poder esperar?


Desde aquela época eu achei o poema lindo. O que eu não lembrava é que tinha uma pequena dedicatória! Você escreveu assim: "Juliana, muito antes do tempo fazer toda volta no mundo, vamos dizer esses versinhos juntos. Beijos do primão gordão". Fiquei emocionada e com vontade de dizer esses versos junto com você!


E agora, depois de ler seus textos na Coletiva, principalmente aquele que você fala de Itu e do nosso encontro no sítio, fiquei com mais saudade! Adorei o que você escreveu. Muito.


E que orgulho te ver naquele convite da entrega do diploma de menção honrosa!


Vou incluir nos meus planos para o início de 2008 ir para o Rio, ver vocês e dizer os versinhos juntos!


Mande beijos para a Áurea, Rachel, Carla, Bernardo e Júlia.


E um especial para você!


Ju.


Inté.

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

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