Coletiva 10 anos

Está lá no blog que o Coletiva.net criou para assinalar seus 10 bem vividos anos: "Coletiva.net completa uma década de atuação no dia 12 …

Está lá no blog que o Coletiva.net criou para assinalar seus 10 bem vividos anos: "Coletiva.net completa uma década de atuação no dia 12 de abril. A publicação foi pioneira ao se estabelecer como informativo dedicado a acompanhar os fatos da comunicação no Rio Grande do Sul. O início da trajetória se deu em abril de 1999, quando circulou a primeira edição semanal do Guia da Imprensa e da Propaganda, publicação criada pela Coletiva Editora e enviada por fax para cerca de 200 profissionais."


Podem imaginar? Por fax??????


Para nós, em especial do mundinho da Comunicação Social, que resolvemos tudo (ou quase) de nossa vida por via virtual, usar o fax, um ano depois de o Uncle Google já estar no ar, pareceria uma volta à prensa manual. Não. Au contraire: o grupo que criou a semente desta revista eletrônica que ora nos publica sabia bem o que estava fazendo. E tanto sabia que, no rastro do Coletiva, veio um caminhão de publicações semelhantes, Brasil afora.


Vale viajar um pouco pelo ano de 1999, sabidamente o ano da virada para um novo milênio (bobagem das grossas, porque o milênio só iria "virar" em 2001) época de medo do tal bug que ia deixar todo mundo na mão porque o computador não havia sido programado para ler o ano 2000. E quem não lembra da história do Paco Rabanne afirmando que o mundo ia acabar, começando por Paris? Ele, depois, ia jurar que era mentira, distorção dos jornalistas ses. Na época, porém, virou o ícone da histeria de muitos que previam a concretização das profecias de Nostradamus.


No entanto, o Coletiva estava nascendo quatro meses depois de Euro ter-se tornado moeda em 11 países da Europa e a boa e velha democracia dos Estados Unidos ter aberto o processo de impeachment contra Bill Clinton e suas distrações com Monica Levinsky no Salão Oval da Casa Branca. Um mês após ter sido enviado o primeiro fax do Guia de Imprensa e da Propaganda, a Rede Manchete se uniria ao mausoléu das outras empresas de comunicação brasileiras que se consumiram graças às más gestões. Pouco depois, duas grifes adoradas pelos consumidores de loiras geladas se uniriam: Brahma e Antártica, casadas, dariam à luz a Ambev.


Na contramão dos nascimentos, perdemos, também, neste ano, Dias Gomes que nos legou um personagem eterno chamado Odorico Paraguaçu, símbolo dos corruptos de todos os tempos no governo tupiniquim, Plínio Marcos, outro que sabia botar os podres destes brasis em escritura teatral como ninguém, e Stanley Kubrick, que me fez perder o sono ainda jovenzinha depois de ver seu 2001: uma Odisséia no Espaço. Também se foi aquele senhor que mandou alguns anos no Brasil e que disse um dia que cheiro de cocô de cavalo era melhor que de povo.


Tudo é história e tudo, ou quase, está hoje disponível a um toque de teclado na rede do Grande Irmão parido pela Internet. O que interessa a nós, gaúchos orgulhosos de nossas façanhas que servem de modelo a toda terra (desculpem, não resisti), é que Coletiva está completando, neste domingo de Páscoa, 10 anos de vida e eu fico feliz em fazer parte do time permanente da casa, como colunista colaboradora e também por ter estado integrado a sua redação, durante três meses, experimentando como é ser uma editora de revista virtual.


Parabéns ao Vieira, companheiro de outras décadas, de outras vivências jornalísticas já distantes no tempo e no espaço, mas nem por isso menos importantes, parabéns ao Fuscaldo, e a todos os que fazem o Coletiva.net e seus afiliados (Coletiva Eac, Pauta Social, Pública) e parceiros.


Espero, agora, ansiosamente, a edição impressa que sei que foi preparada para contar este case de sucesso. E, claro, a festa. Não a virtual, mas a real. Aquela, com direito a velinhas e bolo.

Autor

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maristela Bairros já atuou como redatora, repórter, editora e crítica de teatro nos principais diários de Porto Alegre, colaboradora de revistas do Centro do País e foi produtora e apresentadora nas rádios Gaúcha, Guaíba AM, Guaíba FM e Rádio da Universidade, assessora de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Cultural Piratini. É autora de dois livros: Paris para Quem Não Fala Francês e Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos, ambos editados pela Artes & Ofícios.

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