Cada vez menos marketing esportivo?

Notícia recente dá conta que a Unisul encerrou suas atividades no vôlei masculino profissional. Por outro lado ? e por outro motivo ? a …

Notícia recente dá conta que a Unisul encerrou suas atividades no vôlei masculino profissional. Por outro lado - e por outro motivo - a Ulbra decidiu encerrar o seu esporte profissional. Alguns grandes patrocinadores - como AIG (Manchester United-Inglaterra) e Fiat (publicidade estática em vários clubes brasileiros) estão ou se retirando ou reduzindo bastante a sua presença no futebol.


A crise financeira mundial, sem dúvida, está afetando grandes corporações. Notícia divulgada nos jornais de hoje fala em possível concordata da General Motors, nos EUA. Claro, há setores que foram mais duramente atingidos. Outros, menos. O fato que se tem é que há uma agitação grande no setor de patrocínios e, foco no assunto, em especial no marketing esportivo.


A crise mundial, como se sabe, virou desculpa para tudo. Para o não a um projeto de patrocínio, para o aumento nos valores de determinados produtos, para o aumento do consumo de Prozac. Porém - e como sempre é necessário - vamos separar alhos de bugalhos.


Conseguir convencer as empresas a investirem em patrocínio nunca foi tarefa fácil. Tirando-se, claro, através de relacionamentos de amizade ou paitrocínios. Porém, ao contrário do que possa se imaginar, não é por falta de retorno. É pela relativa dificuldade em mensurar o retorno obtido e, além disto, porque uma empresa que decida investir em patrocínio terá que encará-lo (e se for o caso, fazer outros investimentos) como uma decisão estratégica. Isto significa que diversos esforços de comunicação deverão ser implementados na direção do patrocínio. E o patrocínio - também ao contrário do senso comum - não se dá unicamente pela inserção da logomarca do patrocinador na camiseta do clube ou atleta patrocinador. Ele pode se dar das mais variadas formas, com ações de ativação do patrocínio, ações de relacionamento, ações de database marketing, enfim, um mundo todo de opções. Estampar a logomarca na camiseta de um atleta que dispute uma maratona sem televisionamento não fará grande diferença para o patrocinador.


Bom, e o marketing esportivo está terminando? Definitivamente não. Ele está se tornando mais inteligente. Profissionais da área precisarão ser mais criativos e ter ainda mais cuidado com cada real, dólar ou euro investido pelo patrocinador. Tempos bicudos, mas superáveis.


Para terminar: o motivo alegado pela Unisul para o término das atividades do vôlei profissional foi o de que a Globo não estaria transmitindo mais do que um jogo por temporada e que isto faria com que patrocinadores diminuíssem a oferta de valores. Esta é uma questão antiga, a de que a Globo não mostra mais marcas nas transmissões (exemplo são as entrevistas de jogadores ou treinadores tendo ao fundo backdrops, quando a câmera se aproxima tanto do rosto dos entrevistados que torna as marcas impossíveis de serem vistas) que não sejam aquelas que pagam para estarem lá, diretamente à TV. Os clubes, por seu lado, dizem que venderam aquelas propriedades de marketing (marca no backdrop, por ex) e que agindo assim, as emissoras de TV acabam prejudicando os contratos dos clubes com patrocinadores, que terminarão investindo menos no esporte, que se tornará menos atrativo, o que fará com que as emissoras de TV tenham um produto menos interessante nas mãos e acabem faturando menos. Muito a conversar, muito a discutir. Desde que se queira fazê-lo de forma desapaixonada.  

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