Bolsa-família de opinião

Está nos mandamentos de Bart Simpson: "Não emita uma opinião sem ter certeza de que a maioria das pessoas concorda com ela". De certa …

Está nos mandamentos de Bart Simpson: "Não emita uma opinião sem ter certeza de que a maioria das pessoas concorda com ela". De certa forma, a genial criação de Matt Groenning, neste ponto, e de forma inadvertida, brinca com a hipótese comunicacional da espiral do silêncio.


Formulada pela pesquisadora alemã Elisabeth Noelle-Neumann, a hipótese identifica que não existe uma opinião pública como média das opiniões, mas como a opinião de uma minoria com grande capacidade de expressar-se, tendendo a constituir uma maioria. Neste processo, durante o desenvolvimento de uma espiral de opinião, há duas alternativas: a adesão daqueles que concordam ou o silêncio dos que discordam, adaptando-se à opinião latente, daí a teoria do Bart.


Segundo Noelle-Neumann, diferentemente da hipótese da agenda-setting, a mídia influi, sim, sobre o que pensamos acerca de um determinado assunto.


Depreende-se, daí, a importância da qualidade da informação disponibilizada pela mídia, principalmente pelos veículos que têm maior poder de penetração.


Neste sentido, assusta o perfil das aquisições do governo Lula. 


Telespectadores brasileiros tiveram sua opinião formada durante anos através da rede Globo comandada pelo "ex"-militante trotskista Franklin Martins, hoje aboletado em um dos muitos ministérios deste governo.


Agora, para comandar esta excrescência que é a tal TV pública, Lula chama a jornalista Tereza Cruvinel, outra "ex"-trotskista que durante mais de uma década assinou a mais importante coluna política do jornal O Globo.


Não se está aqui a defender a tese de que jornalistas engajados ideologicamente não têm direito a emitir opinião, isto seria fazer o jogo daqueles que querem controlar a mídia em seu benefício. O que se está a criticar é a falsa neutralidade, a pretensa isenção usada para emitir opinião que faça o jogo dos companheiros.


Opiniões, aparentemente, neutras, mas tendenciosas, ferem a qualidade da formação da opinião pública.


Muito se tem dito e escrito acerca da sustentação que os programas sociais dão ao governo, permitindo-lhe ar incólume pela maior seqüência de escândalos da história da República, o que, realmente, parece ter grande importância; entretanto, não se pode desprezar a relevância de "pseudoneutros" na mídia.


Perguntando? 


- O que tem mais chance de ocorrer: o Juventude ganhar um jogo do Grêmio ou o Judiciário gaúcho abrir mão de alguns dos seus privilégios?


- Que golaço faria o PSDB expulsando o Eduardo Azeredo, hein?

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

Comments