Bem que tentei

Meu amigo e colega jornalista Emanuel Mattos me disse, textualmente, por telefone, dia desses, que três temas continam sendo chave-de-cadeia pra quem se mete …

Meu amigo e colega jornalista Emanuel Mattos me disse, textualmente, por telefone, dia desses, que três temas continam sendo chave-de-cadeia pra quem se mete com eles: futebol, religião e política. E me aconselhou, querido como é, a ficar longe disso, voltar a meus blogs calminha, me divertir com a vida, deixar de ser tão cobradora etc etc etc.


Ok, amigão.


Juro que estou tentando. Tanto que, semana ada, meu post foi sobre o doberman atropelado e meu susto com meus vira-latas. Coisa light. Aliás, recebi notícias breves do cachorrão: chama-se Jorge e o dono o encontrou. Mais detalhes não obtive, porque não fui ainda tomar o cafezinho que a dona da casa ofereceu, gentil como ela só.


Então, chegamos até estas linhas sem qualquer coisa polêmica.


Estou melhorando. E nem precisei de remedinho!


Pena que andei olhando o noticiário.


Aí, me dá aquela maldita coceira de jornalista metida e vem a vontade transbordante de meter a colher no angu alheio. Essa história da advogada brasileira na Suíça, que se retalhou toda e inventou uma história em que do Lula ao honrado ministro das Relações Exteriores todo mundo se estrepou, falando asneira, em perseguição brasilofóbica etc e tal. E agora lá está a tal bem-sucedida causídica, de nobre linhagem, pai também advogado, tentando explicar praquela gente prática pra xuxu que, com certeza, se arranhou nuns arame-farpado que tinha em volta do metrô e ficou tão, mas tão encabulada, que inventou o causo dos nazi. Tadinha. Vai ver, é doentinha mesmo.


Agora, o melhor do noticiário, que recém vi, é a história da doce mãezinha do falecido marido da atriz Susana Vieira anunciar que vai processar não só a viúva, mas também Ana Maria Braga e Maitê Proença por calúnia e difamação. Não estranho nadinha se ganhar uma boa grana. Não falta quem esteja à disposição pra ir ao tribunal com gente deste tipo e tirar grana de quem tem.


Pobre mãe, afinal. Teve de voltar pra laje porque o filho, um pobre doentinho cujos únicos defeitos era gostar das carreiras e dar porrada em mulher, além de matar cachorro, botou enfeites na cabeça de Susana, que sustentava toda sua família, em público. Se tivesse sido discreto. Mas não. E mamãe era tão parceira do filho que o acompanhava em sua labuta diária, nas praias cariocas, com a namoradinha e a mãe da namoradinha. Coisa mais linda isso: amor filial que vence a morte e vai atrás de justiça para um filho trabaiadô, um moço bom, especialista em caçar coroa carente cheia da grana.


Ih! Emanuel! Me ei! Já to escrevendo coisa que não devia, né?


Depois me queixo que sobra pro meu lado, hem? Bem que tentei, bem que tentei!


Preciso comprar um manual do bom comportamento feminino, que tem muita gente seguindo e se dando bem!


E é melhor parar por aqui, porque o noticiário está cheio de tentações para esta velha jornalista incorrigível.

Autor

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maristela Bairros já atuou como redatora, repórter, editora e crítica de teatro nos principais diários de Porto Alegre, colaboradora de revistas do Centro do País e foi produtora e apresentadora nas rádios Gaúcha, Guaíba AM, Guaíba FM e Rádio da Universidade, assessora de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Cultural Piratini. É autora de dois livros: Paris para Quem Não Fala Francês e Chutando o Balde, o Livro dos Desaforos, ambos editados pela Artes & Ofícios.

Comments