As Farcs da tv brasileira
Me indignei. A notícia publicada na Folha Online sobre a deprimente bebedeira patrocinada por este lixo da programação televisiva mundial chamada Big Brother em …
Me indignei. A notícia publicada na Folha Online sobre a deprimente bebedeira patrocinada por este lixo da programação televisiva mundial chamada Big Brother em sua versão tupiniquim, tendo chancela da Globo, me levou a fazer algo que nunca fiz: uma denúncia formal ao Ministério da Justiça sobre a indução ao alcoolismo promovida pelo programa. E, em questão de horas, obtive a devida resposta que, em parte, me satisfez - por afirmar que o Governo está de olho no programa - e em parte me preocupou por afirmar que "o deferimento ou indeferimento do pedido de autoclassificação, deverá ser proferido pelo Diretor do DEJUS/SNJ e publicado no Diário Oficial da União no prazo máximo de sessenta dias após o início da exibição da obra audiovisual.". Ou seja: de repente, o horário de exibição baixa da faixa dos maiores de 16 (o que já é pouco) e libera geral o festival de absurdos promovido pela turma que não quer nada com o compromisso de levantar cedo e trabalhar preferindo mostrar como lava as partes íntimas para obter seu dinheiro fácil. Eu já defendi aqui, mais de uma vez, o direito do telespectador de fazer a sua própria classificação com o simples gesto de usar o controle remoto e mudar de canal ou desligar o aparelho. No entanto, desde que, como diz o mail do MJ, "a partir do dia 13 de julho de 2007, com a Portaria 1.220, entraram em vigor novas regras de classificação indicativa para programas de televisão", nada mais justo que os pais cuidem bem de sua cria. E, se há um canal aberto para que se reclame, vamos usá-lo. Por isso, denunciei. E vou mais longe: acho que a melhor atitude de quem tem bom senso, sem falar em bom gosto, é simplesmente boicotar este programa. Motivos não faltam. Além de glamourizar o porre num país em que a morte de jovens por ingestão de bebidas alcoólicas turbinadas ou não por drogas, o chamado "show de realidade" ou coisa que o valha não traz um conceito que preste, em especial para crianças. Matéria da Folha enfatiza que "este tipo de programa expõe prematuramente as crianças a uma série de questões como a erotização." Quanto ao Ministério da Educação, que deveria estar mobilizado tanto quanto o da Justiça para acompanhar o programa, afirmou ao jornal paulista que "não tem nenhum alerta". Como se precisasse. Na blogosfera, as "atrações" do circo global já têm endereços certos, com destaque para o BibBostaBrasil. Pelo menos, colocam as coisas nos devidos lugares, maldades à parte. Não estamos sozinhos aos efeitos deste enganador espetáculo de roteiro pronto e edição de imagens que buscam apenas o sensacionalismo baixo que coopta quem tem baixa exigência intelectual e moral. No meu blog, recebi comentários de leitores de Portugal e da França lamentando a existência deste tipo de caça-bilhões (via anunciantes descuidados com a ética) que considero uma espécie de Farcs da mídia eletrônica. Como diz o professor Alex Gandum, de Lisboa, estes programas "estupidificam" as pessoas. Eu me recuso a me estupidificar. E você?