As corporações e suas tetas

Juro! Juro que eu gostaria de começar o ano com um texto leve homenageando Noço Líder e suas declarações acerca da distância que mantém …

Juro!


Juro que eu gostaria de começar o ano com um texto leve homenageando Noço Líder e suas declarações acerca da distância que mantém de jornais, revistas e afins; da sua incapacidade de interpretar um parágrafo da Aritmética da Emília; do apedeutismo presidencial.


É claro que tudo isso enxovalha a Nação, que é uma vergonha ter na Presidência da República um analfabeto funcional, mas, pelo menos para o humor, ele funciona.


Trágico mesmo é começar o ano sabendo que o Conselho Nacional de Justiça, a exemplo do que havia feito em relação aos nossos honoráveis magistrados, liberou geral, também, para os servidores do Judiciário. Ou seja, o céu é o limite para essa gente que, ao que parece, não fica sequer encabulada. Os estratégicos servidores poderão auferir remunerações de 30, 40 ou 100 mil reais por mês, não importando o valor que seu trabalho tenha para a sociedade, nas costas da qual a conta é espetada.


Quer mais uma? A Câmara dos Deputados acaba de implementar um, mais um, trem da alegria para propiciar nababescos aumentos aos servidores, baseados nos seus títulos, cargos de chefia pretéritos e, quiçá, nível de calvície. Mais uma vez, o descolamento entre produtividade e remuneração é óbvio? Quem está nas tetas, locupletar-se-á.


Embora este achincalhe atinja toda sociedade que paga impostos, de forma mais cruel, quem sofre são os mais desfavorecidos, que demandam escola, hospital e moradia subsidiados pelo Estado. No fim das contas, é o miserável que mais sofre para sustentar a infatigável capacidade que as corporações têm para sangrar os cofres públicos.


Para não dizer que não falei de flores, quase fui às lágrimas acompanhando a mãe de uma das representantes gaúchas na nova edição do Big Brother: ela falava da garra da filha, da sua grande capacidade para competir em concursos de simpatia e beleza, além de outros desafios de mesmo quilate.


E considere: desta vez os talentos pampeanos serão diversificados. Há três gaúchos na briga! Que stress! Para quem torcer?


E la nave va? Enquanto a alienação é fomentada pelo lixo televisivo, as esperanças do Brasil esvaem-se nos gabinetes palacianos.


Já garantiu seu pay-per-view?

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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