As cidades e o posicionamento

Na virada da década de 80 para a de 90, trabalhei como executivo no agronegócio. Naquela época, era comum chegar em cidades brasileiras e …

Na virada da década de 80 para a de 90, trabalhei como executivo no agronegócio.


Naquela época, era comum chegar em cidades brasileiras e encontrar dizeres como: "Morada do Sol", "Aqui se trabalha", "Cidade do Sorriso", entre outros.


Em uma ocasião, tão logo chegáramos a uma "Terra de gente amiga", um colega teve sua carteira de dinheiro e documentos roubados com alguma dose de violência.


Estes slogans, entretanto, vêm, felizmente, perdendo a força. Cidades das mais variadas regiões do Brasil vêm buscando um conceito mais mercadológico para atrelar aos seus nomes.


Este conceito está associado a competências específicas desenvolvidas na cidade. Birigüi, por exemplo, no interior de São Paulo, é a "Cidade dos calçados infantis", sendo que a indústria calçadista emprega 60% da mão-de-obra da cidade e produz 250 mil pares por dia, exportando 10% desta produção.


Cabe aos municípios, portanto, identificar suas aptidões e projetá-las através de uma estratégia de posicionamento, inserindo um conceito na mente do público-alvo.


Este posicionamento, se por um lado, aumenta a perspectiva de negócios e circulação de dinheiro no município, por outro, estabelece um foco para seus habitantes, estimulando-os no sentido de especializarem-se em torno da cadeia de valor estabelecida.


Importante salientar, no entanto, que não é só através da produção de bens que uma cidade pode buscar posicionamento. Se Birigüi focou a questão do calçado, Florianópolis pode, e nós gaúchos sabemos bem disso, estabelecer o conceito da cidade da qualidade de vida.


Portanto, não importa se através de aspectos tangíveis ou intangíveis, é imperativo que as cidades identifiquem como querem ser percebidas.Um posicionamento bem articulado é poderoso condutor do sucesso de um município. Trata-se de uma questão de identificação de vocação e de sinalização de conceito.


Por falar nisso, qual é o posicionamento que a nossa Porto Alegre deve buscar?

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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