Antiético
Ao mesmo tempo em que o debate do que é legal, ético e moral é visto com um certo desdém, ele se aprofunda. Estamos …
Ao mesmo tempo em que o debate do que é legal, ético e moral é visto com um certo desdém, ele se aprofunda. Estamos chegando a uma situação-limite. Ou nos tornaremos uma pátria despudoradamente corrupta, anti-ética, criminosa, ou começamos a fazer uma limpeza, mesmo que lenta e gradual(como foi a abertura do ex-presidente Ernesto Geisel) na política, nos negócios e mesmo nas relações humanas, do ponto de vista de seriedade e ética.
Já não podemos mais fingir que, para aqueles que trabalham de forma séria, que dá uma vontade de colocar um nariz de palhaço. As pessoas estão lutando dia a dia para matar um leão e, de repente, se deparam com notícias de roubos milionários, desvios de verba de toda forma e lado, falta de vergonha na cara de tantas e tantas pessoas. A indignação toma conta. Mas o marasmo, o entendimento de que está tudo perdido, também. E este é um sentimento perigoso, pois cria um terreno fértil para as ações que não são sérias.
Por outro lado, há o sentimento de indignação. Aposto nele. Apesar dos inúmeros escândalos, um sucedendo ao outro, entendo que as pessoas estão ficando é saturadas. Isto porque, de um modo geral, somos sérios. Trabalhamos, lutamos duramente pelo nosso sustento e da família. Assim, não queremos ver uma minoria enganando a todos. Porque este dinheiro dos desvios - e isto as pessoas não dão-se conta - é o nosso dinheiro. Então, quando há um escândalo, com desvio de verba, não é dinheiro "do governo". É o nosso dinheiro, arrecadado através da maior carga tributária do mundo, em impostos que pagamos diariamente. É dinheiro nosso! Então, quem rouba não rouba o governo. Rouba de nós mesmos. É como se eles estivessem enfiando a mão no nosso bolso e levando o nosso dinheiro!
Os veículos de comunicação têm feito um importantíssimo trabalho, dando visibilidade à maior parte das ações de rapinagem. Isto é fundamental, para que os que desviam verbas, os ladrões, fiquem cada vez mais expostos e conhecidos. Porém, há que se ter o cuidado de não condenar previamente. O trabalho jornalístico de investigação é fundamental, para que não sejam arruinadas pessoas que aparentemente estejam envolvidas em desvios, mas que não se confirme tal fato ali na frente.
Resumindo: não fui Fiscal do Sarney nem sou a Velhinha de Taubaté(falecida, já). Mas eu sigo acreditando que vá prevalecer a ideologia e a forma de pensar das pessoas com caráter neste país. Os ladrões e criminosos sempre existirão, pois fazem parte da deformação da personalidade destes indivíduos. Mas conseguiremos chegar lá. Ainda seremos um país melhor.