Para resolver algumas pendências de saúde (marcação de exames, consultas periódicas e outros encaminhamentos), precisei, nos últimos sete dias, perambular pela cidade. Mais a caminhada diária pela Redenção, exercício também necessário para a saúde, que tento fazer no meio da manhã. E sempre o retorno ao apartamento cansada, exausta, suada, com a pouca maquiagem para disfarçar as rugas escorrendo. Direto para um banho relaxante. E reafirmo, depois destes primeiros dias de janeiro, que eu não gosto nada, nadinha, mas nada mesmo do verão. 3m421y
A estação quente só me agrada se eu puder ficar em ambientes fechados resfriados com ar condicionado. O que é inviável porque a conta da energia vem com valores exorbitantes. Ou se estiver com o corpo esticado na beira de uma praia de águas límpidas e a areia não entupida de gente. O que não é possível por ter compromissos na capital e o custo de encontrar tal paisagem está fora do meu apertado orçamento. Ou se tiver uma piscina à minha disposição 24 horas, desde que não seja preciso limpá-la. Ou se eu pudesse tomar muito chope gelado e me lambuzar de picolés.
Como tais hipóteses levantadas acima não se encaixam no meu cotidiano, o verão sempre me irrita e provoca em mim os sentimentos mais desagradáveis. Fico chata (não sou normalmente, eu juro). Tenho dores de cabeça com mais frequência. Perco a vontade de convidar amigos e amigas para colocar o papo em dia nos bares da Cidade Baixa. Considero enfadonho qualquer eio. Enfim, fico desejando que os dias de verão terminem logo.
Aliás, não é de hoje que eu odeio o verão. Minha antipatia vem de longo tempo. Penso que curti mesmo a estação somente na adolescência, quando tudo é novidade, tudo é permitido, tudo vale a pena. Depois, com o ar dos anos, o verão começou a me incomodar e eu fico contando os dias para a chegada do outono e em seguida do inverno, seu lindo, maravilhoso, necessário, afetuoso e aconchegante.
Devo confessar que nos últimos quatro ou cinco anos, tenho sentido mais frio do que o habitual. Não sei se é o peso da idade (dizem que o envelhecimento nos deixa mais suscetíveis). Ou o desapego que fiz de alguns quilos que deformavam minha silhueta. Mas ainda assim, sou uma fã incondicional do inverno e das possibilidades de afetos, encontros, cenários que ele propicia. Se o frio aperta, é mais fácil se proteger com agasalhos, mantas, gorros e blusões de lã. Já no verão, nem que a pessoa ande pelada pela casa, o calor não vai embora.
Alguns vão falar das vantagens do verão. Mas eu sou resistente e continuarei enaltecendo as qualidades do inverno. Outros lembrarão dos corpos delineados desfilando nas praias no verão. E eu seguirei elogiando a elegância das pessoas nos dias frios. Não adianta. Permaneço ansiosa à espera do seu inverno. Por favor, antecipe a sua chegada.