Alalaô, ô ô ô
Nestes dias em que a grande reportagem fotográfica são os chupões do carnaval de Salvador, vale a pena ler a crônica do poeta e …
Nestes dias em que a grande reportagem fotográfica são os chupões do carnaval de Salvador, vale a pena ler a crônica do poeta e antropólogo Antônio Risério na coluna de Bob Fernandes, no Terra. Entre outras pauladas, ele diz que o carnaval baiano já era: "Isso aqui virou um negócio mal feito. É business. Mas, sobretudo, uma coisa kitsch e nouveau-riche." Sobra até para Gilberto Gil.
Também é bom dar uma lida cuidada na entrevista do advogado Ari Friedenbach, pai de Liana que, em 2003, foi morta com o namorado em Embu-Guaçu (Sampa) por um menor de idade que depois classificariam de psicopata. Ari liderou campanha para a punição de menores de 18 anos igual à de maiores e hoje afirma que repensou esta idéia. Trechos das declarações de Ari, também presentes no Terra:
Como o sr. analisa a posição do presidente Lula, que pediu prudência aos congressistas ao analisar a questão?
Acho de uma irresponsabilidade sem medida. Ele pede prudência e não se posiciona com clareza. Acho muito irresponsável o chefe da nação não tomar uma posição clara. Se ele é contra a redução da maioridade penal, muito bem, mas ele é a favor de quê? Ele só diz que é contra a redução. Eu também sou. Mas eu estou oferecendo propostas, e o presidente tem obrigação de fazer propostas, ele ou seus representantes, no Senado, na Câmara. Tem de tomar uma posição.
Então, para o senhor, não é preciso criar novas leis?
Não tenha dúvida. Só acho que deveria ser criada uma lei que torne crime hediondo roubar dinheiro de saúde e educação, porque isso condena dezenas de milhares à morte, que não conseguem atendimento, que não têm o à educação de seus filhos? Esse é o verdadeiro crime hediondo. É um genocídio. O pai que chega no hospital com um filho doente e não consegue atendimento médico para o seu filho: você quer que ele fique calmo ou que fique violento?
Que bom que, na volta desta insanidade coletiva atual chamada Carnaval, nossos mandatários de Brasília fossem tomados por uma epifania de verdade, honestidade e comprometimento e resolvessem agir com a dignidade que a maioria dos eleitores (tirando os que votaram em canalhas) espera deles!
Desculpem o azedume às vésperas de tanta alegria e descontração proporcionados pelos embalos dos trios elétricos e pelo rebolado da globeleza. Mas é que tem mãe chorando ainda pelo filho despedaçado. E, pior, com a certeza de que, além de nada poder trazer João Hélio de volta, os donos do poder continuarão se refestelando em suas mordomias, os traficantes e usuários e toda a rede da bandidagem seguirão rindo dos trouxas que ganham salário mínimo e vivem decentemente e quem anda na linha vai dormir, a cada noite, o sono dos atormentados, com medo de ser o próximo da lista.
Bom carnaval a todos.