Agora eu sou uma estrela
Desde que ei a escrever no Coletiva, dedico, dentro do possível, um pedaço da tarde de terça-feira para analisar calmamente as últimas notícias, fazer …
Desde que ei a escrever no Coletiva, dedico, dentro do possível, um pedaço da tarde de terça-feira para analisar calmamente as últimas notícias, fazer um das minhas emoções, uma revisão nos papos com a minha filha Gabriela Martins Trezzi ou pesquisar como a mídia tratou determinado assunto mais polêmico. É como se procurasse tema ideal para rechear a coluna que é publicada na quarta-feira e encantar meus cinco ou seis leitores. Nem sempre a minha busca oferece o resultado desejado. Chega a ser comum sentar à frente do computador sem nenhuma inspiração e ser guiada pelos dedos autônomos.
Não foi diferente na terça-feira. No intervalo entre um ensaio do poema da portuguesa Maria Helena que declamo no Sarau da Poemas à Flor da Pele intitulado "Café Alfama: é fácil amar" e afazeres domésticos, pensava no que poderia render uma coluna interessante. Quase como um robô, abri o site da Coletiva para lembrar o que havia escrito na semana ada (sabe cumé, não é bom ficar repetindo que tá cheio de neguinho - perdão por não usar o termo politicamente correto, ficaria sem graça). Meus olhos se enamoraram pela coluna do Mario de Almeida, que ocupa o espaço nas segundas. Sem saber do conteúdo, eles se apaixonaram ao ler "Adoniran & Elis no Bixiga".
A leitura, fácil, pela capacidade que o colega tem de inserir as palavras certas nas frases e pela história de Música Popular Brasileira (MPB) que ele acumula, chegou logo ao final. Foi quando a Márcia Manteiga Derretida desabou
Só fui abandonar o link, o computador e voltar à vida de 2008, quando a Soninha Porto, a da Poemas à Flor da Pele, telefonou lembrando que já estávamos atrasadas para a entrevista acertada na Rádio sobre o Sarau e estava ando na minha casa. Não fui ao súper, não fiz minha sessão de cremes anti-rugas (oh, my god), não olhei os temas da Gabriela e nem escutei sua conversa, não dei atenção necessária ao meu neto, o Dalai Martins Trezzi (cachorro shih tzu) e nem ensaiei o poema da Maria Helena. Apenas lembrei-me de informar ao povo da Saudosa que saímos da Famecos para São Paulo, Rio de Janeiro?.
E nesta quarta-feira, 9 de julho, ao pisar num palco pela primeira vez (sim, até então eu era totalmente tímida e agora sou inavelmente tímida), irei recordar-me da voz afinadíssima da Elis Regina, da malandragem sambista de Adoniran e do carinho do Mário, representado pelos amigos que prometeram ir ao Sarau. Ai tomara que tenha público. Ai tomara que não esqueça nenhuma estrofe. Aimopai fazei com que esteja segura. Preciso decorar a segunda estrofe, a minha poesia, ver a roupa, ar o som, arrumar o cabelo, deixar um comentário na coluna do Mário e ?.ufa?tanta coisa a fazer.
Mas, como disse um colega aqui neste site, um assunto puxa o outro. E toda esta agitação em torno do Sarau e a lembrança forte de Elis reavivaram na memória um texto dito pela Pimentinha no último LP (Yes tinha Long Play). "Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol, agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante??agora eu sou uma estrela". Não quer dizer que o sucesso me subiu à cabeça e que agora vou ter "pitis". Enfim, se alguém quiser uma entrevista, fale com minha assessora de imprensa (hahahahaha). E muita "merda" na minha estréia.