Aconteceu em Santiago
Por Marino Boeira

Estive três vezes em Santiago do Chile, uma cidade bonita, limpa, muito organizada e com serviços públicos de qualidade pouco comuns em outras cidades latino-americanas.
Num vale, em meio a montanhas, que se cobrem de neve no inverno, Santiago do Chile foi fundada em 1.541 por Pedro de Valdívia num lugar que ele mesmo denominou de Cerro de Santa Lúcia e que hoje é um dos principais pontos turísticos da cidade.
A capital chilena é uma das maiores cidades da América com mais de 5 milhões e meio de habitantes e oferece aos seus visitantes uma variedade imensa de atrações, tanto no aspecto físico, quanto no cultural?
Mesmo reconhecendo tudo isso, o sentimento que me domina em Santiago é o de luto.
Nessa cidade, nessas ruas tão limpas e aparentemente acolhedoras se desenrolou uma das maiores tragédias da nossa América: o golpe de Estado comandado por Augusto Pinochet contra o governo socialista de Salvador Allende, com o bombardeio do Palácio Presidencial de La Moneda e a posterior transformação do Estádio Nacional em um campo de concentração ao estilo nazista com milhares pessoas torturadas e mortas.
Oficialmente, a partir do golpe de 11 de setembro de 1973, 3.065 pessoas foram mortas e 40.018 foram torturadas por motivos políticos no Chile.
Mesmo que a ditadura de Pinochet tenha acabado em 1990, as lembranças desse período negro na história do Chile estiveram sempre presentes na minha mente nas visitas que fiz a Santiago, já nos anos que mercaram a volta da democracia ao país.