Acenda a luz da sua consciência

Será que você consegue sobreviver, pelo menos uma hora da sua vida, sem os benefícios da luz elétrica? Sem tomar nada estupidamente gelado, sem …

Será que você consegue sobreviver, pelo menos uma hora da sua vida, sem os benefícios da luz elétrica? Sem tomar nada estupidamente gelado, sem usar o micro-ondas para aquecer a comida, nem ligar a televisão para ver o noticiário e perder aquele capítulo especial da novela? Não pense em colocar em dia aqueles trabalhos atrasados no computador e nem mesmo assistir ao DVD do seu cantor preferido. E se o seu telefone convencional depender dos serviços instáveis das redes de cabo, experimente ficar 60 minutos sem aquele papo interminável com a sua melhor amiga.


Na noite de 28 de março, às 20h30min, sua consciência tem um encontro marcado com o futuro do planeta, faça ou não você parte dele, daqui a muitos anos. Pense nos seus filhos, netos e todos que ainda poderão nascer. Num ato simbólico, em todo o mundo, governos, iniciativa privada e população são convidadas a apagar as luzes de suas autarquias, sedes de empresas, casas e apartamentos. O que se pretende com isto? Demonstrar a nossa preocupação com o aquecimento global. É pouco? Não, em se tratando de alerta geral. Não, se com isto você acender a luz da sua consciência.


Mais do que um alerta geral, o simples gesto de apagar as luzes pode fomentar a reflexão das pessoas, nos mais variados cantos, sobre a ameaça das mudanças climáticas para a sobrevivência da Terra. Para todos os atuais e futuros habitantes do planeta. Porque 2009 é um ano de intensa mobilização a fim de que seja assinado na 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, na Dinamarca, um acordo para reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa e, assim, combater o aquecimento global.


E o movimento, batizado de "A hora do planeta 2009", é um ato simbólico contra o aquecimento global, que pretende alcançar mais de um bilhão de pessoas em mil cidades ao redor do mundo com o simples ritual de apagar as luzes. Trata-se de mais uma ação organizada pela WWF, antes conhecido como Fundo Mundial para a Natureza, e que se tornou um nome respeitado em conservação da natureza. Embora esteja no País desde 1996, o WWF-Brasil participa pela primeira vez da "Hora do Planeta", e várias cidades já manifestaram adesão total ao "apagar das luzes".


Como algumas consciências estão ligadas desde cedo, a Gabriela Martins Trezzi, minha filha, me alertou para o movimento ao mostrar o site da WWF com informações sobre o ato e pedindo que eu inserisse nos meus scraps do Orkut o banner e outros materiais de apoio. Euforicamente, Gabriela disse: "mãe, eu já coloquei o banner nos meus emails e o site nos favoritos, vê se ajuda que Porto Alegre tá devagar no movimento". Hoje, nos minutos em que deixei a página aberta para cuidar do almoço, ela viu e ficou feliz ao saber que a coluna trataria sobre o assunto.


Antes que me chamem de "ecochata" ou as definições que os alienados costumam classificar as pessoas preocupadas com o meio ambiente e a preservação do planeta, eu lembro que não custa nada apagar a luz por 60 minutos. Da janela do meu apartamento, estrategicamente situado num ponto lindo de ver a cidade, espero sim uma escuridão total em Porto Alegre, na noite do dia 28. É apenas uma hora.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve agens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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