Ação benemerente
Caros senhores leitores desta coluna. Excepcionalmente, nesta edição, estamos lançando uma ação de cunho benemerente destinada a recolher fundos para duas pessoas de reconhecida …
Caros senhores leitores desta coluna.
Excepcionalmente, nesta edição, estamos lançando uma ação de cunho benemerente destinada a recolher fundos para duas pessoas de reconhecida idoneidade e em sabida situação de penúria moral e financeira. Sabedora das dificuldades do mundo atual no que toca à sobrevivência digna, esta coluna se coloca à disposição de Daniela Ciccarelli e de Tato Malzoni para minorar o sofrimento de ambos diante de tanta injúria e penalização ética motivadas por seus atos que visam apenas a evidenciar o quanto de lisura e probidade exalam destas figuras ímpares da sociedade brasileira e quiçá internacional. Outrossim, a coluna propõe que, a título de exemplarização, retirem-se do ar todas as emissoras de televisão e rádio, a internet mundial e selem-se as redações de jornais e revistas que ousaram expor à execração pública o pobre casal que, sob o legítimo impulso do desejo, não teve outra reação que não a de se amar publicamente numa praia européia, direito sabido até mesmo dos mais humildes integrantes do reino animal. Se assim não procedermos, esta imensa teia de operadores de comunicação continuará perseguindo seres inocentes como Dani e Tato, jovens simples, que lutam de sol a sol pela sobrevivência, exibindo suas mãos calejadas e os rostos marcados pela brasa incandescente do trabalho extenuante de exibir seus corpos mundo afora. Pobres jovens, vítimas da inveja e da prepotência de voyeurs que, sem a mínima piedade, espalharam por todos os cantos os seus doces e inocentes momentos de intimidade carnal. Que se danem os que cumprem pena nas cadeias por atentados violentos ao pudor: Dani e Tato estão acima destas filigranas legais. Que se calem os defensores do direito a não-participação na intimidade alheia: uma praia é um território livre, ideal para manifestação do livre-pensar e do livre-agir e, afinal, quem não quisesse assistir ao ato de amor do casal, que tivesse pego suas toalhinhas de banho e suas havaianas e corresse para casa, tapando os olhos das crianças. Que se mudem as regras de convívio da humanidade e e a valer a liberação total dos costumes e o direito irrevogável de se processar quem isso contraria, permitindo-se, ainda, a auferição de benefícios monetários via processos legais contra quem se atrever a contrariar esta decisão. Só assim poderemos novamente dormir em paz e garantir a pessoas como Dani e Tato a respeitabilidade que merecem. Afinal, este é um país sério.