Abílio Diniz tinha inveja
As conversas iniciaram-se há 90 dias e ganharam ênfase em dois meses, com receio de uma concorrência que, segundo fontes do mercado, deveria ocorrer …
As conversas iniciaram-se há 90 dias e ganharam ênfase em dois meses, com receio de uma concorrência que, segundo fontes do mercado, deveria ocorrer como resultado de uma associação entre Wal-Mart e Carrefour. O grupo Pão de Açúcar e as casas Bahia am acordo de associação no dia 4 de dezembro, surpreendendo todo o mercado.
A união entre as duas empresas criará um gigante com aproximadamente 40 bilhões de reais de faturamento anual. "Quando eu soube que as Casas Bahia abriram uma unidade em Paraisópolis senti pura inveja?", conta Abílio Diniz. "Agora nossa intenção é ocupar todos os municípios do país." A expectativa é que a sinergia chegue a R$ 2 bilhões.
Só a parte de bens duráveis terá uma receita R$ 18,5 bilhões. No total, o grupo terá 1.015 lojas e 62 mil funcionários, o dobro das demais. A união entre as empresas elevará o faturamento da rede para R$ 32, 9 bilhões, ante a soma de R$ 39,12 bilhões de seus concorrentes. No setor de supermercados, a pressão vinha da possibilidade da fusão do Carrefour com Wal-Mart, que ocupam os segundo e terceiro lugares no ranking.
O temor de Diniz era que o Pão de Açúcar mais uma vez perdesse o topo da lista, reconquistada em junho deste ano com a aquisição da rede Ponto Frio. A absorção da rede carioca permitiu que se registrasse um acréscimo de faturamento R$ 25,3 bilhões.
Ainda seria pouco, caso a fusão de Wal-Mart e Carrefour se concretizasse. Ainda seria pouco: somados os R$ 22,7 bi do Carrefour com os R$ 16,95 bi da Wal-Mart, a eventual fusão destas duas empresas alcançaria uma receita superior de R$ 39,12 bilhões.
A FISCALIZAÇÃO
A compra da Casas Bahia pelo grupo Pão de Açúcar cria uma potência nacional em móveis e eletrodomésticos. O Pão de Açúcar tem agora 15 dias para apresentar a operação ao Sistema Brasileiro de Concorrência. Os especialistas dão como certo que o Sistema exija a inclusão de um Acordo de Reversibilidade da Operação. Mas agora será diferente, devido ao porte dos envolvidos e suas fatias de mercado.
A vantagem da aquisição da Casas Bahia foi a de que o concorrente tenha ainda mais dificuldade em penetrar no mercado, como aconteceu no Rio de Janeiro com o Magazine Luiza.