A vez do consumidor
A gente acredita que os anos vividos, as rugas adquiridas e nos enfeitando de maturidade e os quilômetros rodados já nos ensinaram a "confiar …
A gente acredita que os anos vividos, as rugas adquiridas e nos enfeitando de maturidade e os quilômetros rodados já nos ensinaram a "confiar desconfiando", ou que um dia nunca se repete, ou quem semeia vento vai colher tempestade. Tudo não a de um engano que a vida nos impõe. Nem sempre aprendemos as regras acima. Nem sempre exigimos comprovante de venda ou fazemos perguntas quando ficamos com alguma descrença sobre uma situação ou pessoa.
Habituada a utilizar os serviços de tele-entrega de uma rede de farmácias pioneira no Estado, optei, antes de um novo tratamento no hospital, em encomendar uns remédios difíceis de serem encontrados no mercado. Após uma longa pesquisa de preços, os medicamentos caros foram entregues em casa. Tudo pago na hora, à vista, em dinheiro - money. Quando a moça da farmácia me informou com um largo sorriso que faltavam quatro ampolas do antibiótico (mas logo seriam entregues), eu deveria ter ouvido a voz da minha sábia mãe: "Só paga o que foi entregue".
Aliás, seria a atitude mais normal de qualquer pessoa com dois neurônios em funcionamento. Como já havia separado o dinheiro no valor total das seis ampolas, resolvi pagar tudo, com o compromisso de que as restantes seriam logo providenciadas. Por motivos que me levaram de volta ao hospital, no dia seguinte, data marcada para a entrega as ampolas que faltaram, tive que interromper o tratamento. Imediatamente liguei para a famosa farmácia a fim de tentar uma negociação que me assegurasse o retorno do dinheiro dos remédios não entregues.
Blá, blá, blá (?). Muita conversa para explicar que não é normal devolver dinheiro, que a mercadoria estava separada e o dinheiro depositado. Depois de algum tempo, o gerente entrou em ação e, prontamente, disse que eu poderia ficar com um valor em haver. Isto é, o dinheiro seria usado na compra de outros medicamentos. Ok, ok, ok. Vencida pela farmácia, encerrei a minha novela inundada com os velhos provérbios, para continuar sempre com um pé atrás.
E você com isso, deve estar se perguntando, caro leitor? Em pleno século 21, da Lei do Consumidor e onde o cliente tem sempre razão, as situações ainda podem nos surpreender. Não acredite que a loja vai entregar o produto prometido no dia certo, nem quando a vendedora diz que não tem a mercadoria mas vai encontrar algo parecido, e muito menos na solução da voz de orgasmo de telemarketing que "vai estar reando a sua reclamação".