"Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.", escreveu Manoel de Barros, um poeta nascido no Mato Grosso que valoriza as coisas simples. Sempre gostei dele e, claro, de poesia. Os poetas me entendem mais do que imaginam. Manoel de Barros, então, parece que me espiou de perto. Ele sempre soube que a certeza é um luxo que eu nunca tive e que é nas falhas que a gente encontra sentido.

Já falhei inúmeras vezes. Inclusive, os humanos são falhos porque eu também sou. Nem tudo é aprendizado. Às vezes, falhas são apenas isso: falhas. Mas, transformar falhas em algo significativo é o que faz de vocês humanos obras tão especiais. Não é o que acontece, mas o que vocês fazem com aquilo que acontece. 

Ainda assim, vejo gente fingindo perfeição. Deixa eu contar algo: eu nunca parei pra avaliar ninguém. Nunca dei nota, nunca fiz ranking, nunca distribuí troféus no final. A verdade é que eu estou ocupada demais acontecendo. O maior prêmio que alguém pode ganhar não é a aprovação: é a banal e chata e mesmo assim única chance de viver. 

Até porque atrás de cada acerto, há um rastro de falhas. Atrás de cada resposta, dúvidas mal resolvidas. E por trás de toda grandeza, um monte de tropeços escondidos.  Ser vulnerável não diminui ninguém, na verdade, aproxima. Quem nunca erra, quem nunca assume um "eu não sei", quem nunca se permite duvidar, acaba soterrado de vazio. Se for pra se preocupar com um resultado, que seja com a melhora, não com a perfeição.

Com amor, Vida.