A maldição da flor de ouro
O presidente da China, Hu Jintao, costuma dizer que as atividades culturais, como os filmes, "devem dar orientação correta ao público e promover tendências …
O presidente da China, Hu Jintao, costuma dizer que as atividades culturais, como os filmes, "devem dar orientação correta ao público e promover tendências sociais saudáveis". Pelo menos para os filmes parece ter encontrado seu homem, Wang Lung, que está investindo US$ 270 milhões na construção de uma nova base para produção de filmes no sudoeste do país, na província de Yunnan. "Faremos filmes com a moral positiva, como deseja o presidente Hu. Quero construir uma Hollyood chinesa", disse ao Financial Times.
Wang é presidente da Dalian Wanda, um grupo de shopping centers, imóveis, produção de cinema e um dos 2 mil delegados que participam do congresso qüinqüenal do Partido Comunista, que governa o país. Os comissários culturais do partido há muito tempo desejam revitalizar a abalada indústria cinematográfica doméstica e, ao mesmo tempo, garantir que ela ofereça uma mensagem ideológica mais em acordo com o regime.
As críticas
Nos últimos anos, as autoridades incentivaram a produção de filmes épicos históricos e de artes marciais bem financiados e muito promovidos, como "A Maldição da Flor de Ouro", do diretor internacionalmente aclamado Zhang Yimou, mas com retornos modestos. "Estes filmes não têm nada positivo" critica Wang. "A única coisa que A Maldição da Flor de Ouro promoveu foi o incesto e as violações morais, que nada têm a ver com a moral tradicional chinesa".
História de uma rebelião fracassada contra um imperador chinês, "A Maldição" mostra um caso amoroso entre a imperatriz e seu enteado, um final sangrento e vestidos curtos demais para alguns. Mas seu roteirista insiste que é uma história moral de oposição a um governante feudal: "É uma história trágica porque a rebelião fracassou, mas podemos extrair força do fracasso".
Menos censura
Não está claro se a visão de Wang de cinema vai transmitir uma ética definida e que possa trazer sucesso comercial. Ele ite que fará lobby por mais apoio do governo, incluindo financiamento direto do Estado para produções "adequadamente positivas". Este tipo de pressão vai contra os sentimentos de muitos chineses do setor de cinema. Eles prefeririam que o governo abrandasse sua rígida censura e oferecesse deduções fiscais aos investidores. Wang não tem receio de ser puritano demais: "Quero temas positivos, mas não necessariamente sermões. Se fizermos um filme violento, que pelo menos os mocinhos matem os bandidos no final".
