A falta que uma mãe faz é imensurável

Por Márcia Martins

Nesta semana em que se comemora o Dia das Mães (no próximo domingo, 11 de maio), vou reforçar algo que digo com frequência nas minhas redes sociais ou sempre que considero a ocasião oportuna. Demonstre o amor pela sua mãe enquanto ela está viva. E, para isso, aproveite com ela todos os momentos possíveis. Faça de cada encontro um cenário especial. Algo a ser lembrado. Cubra-a de afagos. Sufoque-a de mimos. Não economize nos carinhos e nas declarações de gratidão. Não deixe de dar notícias e indagar sobre sua saúde. Enfim, diga diariamente da importância da presença dela na sua vida.

Simplesmente porque um dia pode ser muito tarde para qualquer demonstração de amor. E a gente fica amaldiçoando aquela briga sem noção, aquela rusga boba, aquele telefonema não dado, aquela discussão em tom mais elevado, aquele conselho não ouvido. Só resta a saudade e a falta que uma mãe faz é algo imensurável.

Minha mãe Mirthô morreu em julho de 2011 e desde então um vazio amargo me consome de arrependimento pelo tempo em que perdi de convivência remoendo pequenos problemas. Vejam bem: sei que fui uma boa filha e não tem nada de exibição nessa constatação. E que demonstrei sim para a minha mãe viva o enorme amor que nutria pela sua presença em minha vida. Mas algumas vezes, principalmente na rebeldia da adolescência, exagerei nas picuinhas com a Mirthô. Depois, adulta e também mãe, fui adquirindo uma consciência maior de responsabilidade e doação infinita.

Mas se me fosse dada a oportunidade de voltar no tempo e conviver novamente com a minha mãe, eu seria mais paciente com as suas perguntas, eu escutaria mais os seus conselhos, eu aceitaria mais os seus convites para cafés e chás nos shoppings, eu não ficaria enjoada de ouvir de novo a mesma estória contada pela milésima vez sobre uma travessura de um dos seus filhos na infância, eu deitaria com mais assiduidade a cabeça sobre o seu colo pedindo carinho.

Mamis Mirthô foi exemplar na educação e dedicação com seus filhos. Sempre disposta, atenciosa, amável e, na maioria das vezes (como é peculiar nas mães), deixando a sua vida de lado para se dedicar aos rebentos e suas encrencas. E, talvez por ter sido essa mãe tão sublime e perfeita no significado da palavra que a sua falta desperta gatilhos de ausência em mim desde 2011. Como diz a música do Chico Buarque: "a saudade é o pior tormento, é pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar".

Uma frase atribuída a Marcos Luedy que circula na internet fala que "as mães nunca morrem, elas entardecem, tingem de nuvens os cabelos e viram pôr do sol". Gosto de pensar que mamãe Mirthô está entardecendo em cada pôr do sol.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve agens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

Comments