A eleição mais importante das nossas vidas

Por Márcia Martins

Apenas 19 dias nos separam daquela que pode ser - e não tenho bola de cristal para afirmar isso, trata-se apenas de uma intuição - a eleição mais importante das nossas vidas. Porque os eleitores e eleitoras deste imenso e tão enorme, também na sua desumanidade, país que se tornou o Brasil têm a chance necessária de mudar o rumo desse cenário. Como já profetizou Chico Buarque, ao lançar, em 1980, a música 'Vai ar', nos versos mais emblemáticos: "num tempo, página infeliz da nossa história, agem desbotada na memória", a eleição de 2022 é o momento de acordar a nossa pátria mãe tão distraída.

Não só porque o atual presidente, que tenta um novo mandato, pode não ser reeleito. Mas também porque se todos os deuses, tenham eles diferentes nomes, santos, orixás, fadas, duendes, espíritos de luz ajudarem (e já fiz promessas de todos os tipos se isso ocorrer), a disputa presidencial até pode ser decidida no primeiro turno. Pesquisas indicam, observadas as tais margens de erros, que não estamos tão distantes dessa possibilidade.

Mas além da eleição para a presidência, iremos renovar os governadores, senadores, deputados federais e estaduais. E, exceto para os cargos em que os nomes das mulheres que concorrem não se apresentam em condições de nos representar, isto é, não se comprometem com a luta feminista, é urgente que se aumente a participação das mulheres na política.

No entanto, não caia em armadilhas. Antes das eleições, muitas candidatas se dizem engajadas com movimentos de direitos humanos, com as causas sociais, com as bandeiras do movimento feminista, com o fim da LGBTfobia e com a luta contra o racismo. Depois de eleitas, viram as costas para tais compromissos. Logo, pesquise, vasculhe a vida da candidata, se já tem ou teve mandato, veja o que realmente fez pelos temas acima. 

Já escrevi aqui em colunas anteriores, mas reforço sempre. O avanço da discriminação, preconceito e misoginia pode ser atenuado com o aumento da participação das mulheres na política. É inissível que nós, as mulheres, representemos mais de 51,8% da população, 52% do eleitorado brasileiro, e seguimos sendo minoria na política.

Porto Alegre já deu exemplo na eleição de 2020. Foi a capital brasileira que teve mais mulheres eleitas para a Câmara Municipal. Dos 36 eleitos, 11 foram mulheres (30,6%) e 25 homens (69,4%). Mas o Brasil continua no ranking da União Interparlamentar na 145ª posição de participação feminina na política entre 200 nações avaliadas. É hora de aumentar, já na próxima eleição, a participação feminina na política.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve agens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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