A Copa e a corrupção

Faz alguns anos, fez grande sucesso no cinema o filme "Minority Report", com o Tom Cruise no papel principal. Trata-se de uma ficção baseada …

Faz alguns anos, fez grande sucesso no cinema o filme "Minority Report", com o Tom Cruise no papel principal.


Trata-se de uma ficção baseada em estudos científicos, os consultores que deram e técnico ao filme estão vinculados a importantes centros de pesquisa. Futurologia da melhor qualidade.


O filme acontece no meio do século XXI. Através de mutações, um grupo de humanóides, mergulhados em uma solução específica, aria a ter condição de antever os crimes e avisar a polícia, que partiria para o local e, além de evitar o crime, prenderia quem iria cometê-lo. Estes seres eram denominados "pré-cogs", os que sabiam antes.


Com esta tecnologia, poder-se-ia reduzir drasticamente a criminalidade, em 2054, podendo ainda recolher aos costumes os potenciais criminosos.


Nesta semana, o Brasil foi confirmado como país-sede da Copa de 2014, um ano muito distante, considerando a pouca popularidade que os planejamentos de curto, médio ou longo prazo têm entre nós.


E se ficasse nesta época já pudéssemos antever os crimes?


E se, diferentemente dos "pré-cogs" do Tom Cruise, focados nos homicídios, nossos "pré-sabedores" previssem atos de corrupção e roubalheira desenfreada?


Longe de mim agourar a Copa no Brasil. Copas do Mundo são oportunidades de empregos produtivos, ingresso de receitas novas, melhorias na infra-estrutura e posicionamento dos países como destino de turistas e investimentos.


Entretanto, considerando as notícias acerca das obras do Pan, não é preciso nenhum tipo de poder especial para saber: a roubalheira será grande nas obras da nossa Copa. Corrupção no Brasil é elemento predeterminado.


Imagine só por hipótese: a construtora, que contribuiu para a campanha do partido aquele, está prestes a pedir um aditamento ao contrato, com isto, a obra que inicialmente custaria um valor abusivo, agora chegaria ao escárnio. Segundos antes de a proposta indecente ser proferida, os "pré-cogs" tupiniquins indicariam o ato fraudulento e a polícia chegaria a tempo de evitar mais um sangramento dos cofres públicos.


Problemas à vista.


E se a polícia avisada viesse a ser corrompida também? Considerando o volume de corrupção do Brasil, haveria "pré-cogs" suficientes?

Autor
André Arnt, diretor da Coletiva EAC, é de empresas, consultor e professor universitário. Coordenou cursos de pós-graduação nas áreas de negócios e marketing. Atua como consultor em estratégia empresarial. É colaborador da Coletiva.net.

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