A banda omissa

Uma das mais notórias fantasias da política brasileira é a de que o PMDB está dividido entre uma banda majoritária podre, corrompida, e um …

Uma das mais notórias fantasias da política brasileira é a de que o PMDB está dividido entre uma banda majoritária podre, corrompida, e um pequeno grupo de políticos, digamos, honestos, que tem no Rio Grande do Sul sua principal seção estadual.


Não há nenhuma dúvida sobre a parcela majoritária do PMDB. A fantasia está na qualificação da outra parcela - a suposta banda boa, cujas expressões máximas seriam os emedebistas/peemedebistas históricos Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, e Pedro Simon.


Político popular em Pernambuco há muitos anos, Jarbas Vasconcelos ascendeu ao status de personagem nacional somente há poucas semanas, quase ao fim da carreira, graças a uma entrevista que concedeu à Veja e em que atacou duramente o comportamento do PMDB e o governo. Estava coberto de razão em tudo o que disse. O inexplicável é que tenha demorado quase um quarto de século para se manifestar e que tenha omitido, em suas acusações, os nomes dos corruptos e outros patifes abrigados em seu partido.


O PMDB está sob controle de sucessivas bandas podres desde meados dos anos 80 - e Jarbas continuou nele, em silêncio, conquistando mandatos e poder. Como Simon. Ambos tiveram décadas inteiras para denunciar a bandidagem reunida no partido. E calaram. O nome disso, na hipótese mais generosa, é omissão.


No Rio Grande do Sul, este tipo de comportamento alcança seu ponto culminante agora, com Pedro Simon e o PMDB dele dedicados a fingir que podem ser improcedentes as acusações que aliados e oposicionistas amontoam contra Yeda Crusius e seu governo.


Capaz!!??


Se resta alguma capacidade de iniciativa ao PMDB gaúcho em favor da ética na política, o mínimo a ser feito pelo partido é desligar-se do Governo Yeda. Não há rigorosamente nenhum interesse decente que possa evitar esse desligamento. E qualquer atitude menor do que isso será omissa e cúmplice. 

Autor

O jornalista Robson Barenho está na profissão há 35 anos e, depois de ar pelas atividades de redação e de reportagem em rádio, TV e jornal, esteve em funções de chefia, gerência e direção de Jornalismo em Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, nos jornais O Globo, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde e Correio Braziliense; na Rede Bandeirantes de Televisão e na Rede CBN. Atuou nas rádios Tupanci, Pelotense e Universidade, em Pelotas, e na Gaúcha. Foi para Brasília em 81 como correspondente da Guaíba e dos jornais da Caldas Junior. Ficou 27 anos entre Brasília, São Paulo e Rio,e  retornou a Porto Alegre no ano ado, onde atua na Pública Comunicação.

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