Não tem perdão 733db

Se é para ganhar um Oscar, um filme não pode apelar para chavões sentimentais. Nem um sequer, o que se diria de uma porção … h3w2m

11/01/2007 00:00

Se é para ganhar um Oscar, um filme não pode apelar para chavões sentimentais. Nem um sequer, o que se diria de uma porção deles. No filme Diamante de Sangue, apesar do tema surpreendente, de trazer uma realidade desconhecida sobre as atrocidades sofridas (novamente e continuamente) no continente africano, faz com que Os infiltrados torne-se, em disparado, o filme favorito até agora. 3c116d

Leonardo DiCaprio vence a ele mesmo. No filme de Scorsese, ele consegue um resultado firme e verdadeiro. Quase não conseguimos perceber que ele é um astro, cheio de charme e, que se o diretor permite e exige, a gente garra nojo do convencido. No filme em que contracena com a Jennifer Connelly, no entanto, ele transparece aquele sujeito que pergunta: você a tanta gostosura, gata? E a "jornalista", ávida pela matéria que a fará ter sucesso, se transforma, no meio do filme, em uma altruísta. Isto é chavão. É adaptar o roteiro às platéias. É forçar a barra pela bilheteria, sem jeito de construir verdadeiros personagens. A força do filme de Edward Zwick está mesmo no forte apelo e denúncia sobre a loucura em que vive a África. E espera-se que esta força fique certamente registrada em prêmios na data maior do cinema, mas não para DiCaprio, e muito menos para a nossa ora charmosa, ora furiosa, ora confidente, ora sagaz jornalista atrás de notícia.

Ninguém convence  Fu Lana de que uma jornalista possa ser representada nas telas sem cair na caricatura. E como a caricatura não basta, fica-se com essa personagem multifacetada, ao sabor do gosto do público. Tal qual nas novelas, quando se nasce herói e morre vilão, ou vice-versa, sem nenhum compromisso com o verídico.

Fu Lana não ou o uso de frases e situações previsíveis tais como: você nunca sairá da África, diz um cara para DiCaprio e ele, lá pelas tantas, agarra a terra vermelha e diz: era verdade, essa terra eu nunca vou abandonar. Blagh! Com um final bem arrastadinho, uma morte romântica em uma guerra de loucos, esse filme dos diamantes fica com um aspecto viciado. Ainda bem que denuncia, e é certo que deve fazê-lo e é ótimo que a gente veja na tela tais fatos de realidade. Mas, em arte, é imperdoável o uso de truques e receitas batidas e o diretor usa e abusa de tais soluções. Só a longa troca de olhares, para dizer: como vão as coisas, torna o espectador um trouxa, acostumado a ser enganado, apesar de realmente comovido com tanta injustiça e ignorância. Dá neles, Scorsese.