Na ponta do iceberg 5m5y4r

É a ponta de um iceberg que nos mostra o que o mundo tem a mudar. Procurar algo dentro de um iceberg seria mais … 156c1s

13/04/2006 00:00

É a ponta de um iceberg que nos mostra o que o mundo tem a mudar. Procurar algo dentro de um iceberg seria mais ou menos como entrar a esmo na internet, buscando pelo desconhecido, com um catéter ou uma sonda. Ali, naquela pesquisa, você esquece do tempo, dos problemas, das contas, principalmente, se for dia 15. 1z6966

A notícia de uma instalação premiada na Alemanha, publicada na contracapa de Zero Hora, é quase menos do que a ponta de um iceberg. Fu Lana resolveu pesquisar. Queria ver, a partir daquela notinha no jornal, quem seria a autora e o quê, afinal, ela queria dizer. Ficava se perguntando: mas que diabos? Como pode ser lançada assim essa informação quase como um desserviço? Porém, a ponta da linha estava em sua mão. Na outra ponta, em uma ligação entre dois mundos (tal qual na instalação) estava Agnes Meyer-Brandis e todos de sua equipe.

Fu Lana descobriu que a intenção dos artistas era, na verdade, muitas. Desde criar um ambiente aberto à curiosidade até submeter o povo a diversas questões-situações. A arte, hoje, é participação.

A instalação de Agnes é variável. Uma delas pode acontecer em uma sala com uma enorme escultura imitando um iceberg e um buraco no chão. Tal qual em uma expedição no Alasca. Nesse caso, começa que você se coloca longe do mundo com o olho grudado apenas no buraco. Em sua mão, uma linha. Ao lado, uma tela rea as informações captadas por uma câmara colocada na outra ponta da linha. Se você estivesse mesmo em um iceberg, vá lá. Mas a instalação é feita em estádios com pistas de gelo, salas, museus e até na rua. Os sons também são captados pela sonda e as imagens, cedidas, na verdade, pelos laboratórios da Nasa, obtidas em geleiras na Antártica, podem ser apreciadas na telinha. O barato é que até a sensação de gravidade é transmitida pela linha manuseada pelo fruidor da obra. A linha faz a interface entre os dois mundos. Dois mundos em uma linha. Segue por aí a simbologia da obra. A representação estética, croquis, desenhos e fotos sobre a construção, concepção e realização do trabalho, em um belíssimo resultado, lembram a prática de Cristo, aquele artista que, dentre outras coisas, empacota prédios públicos, e faz dinheiro com a venda dos trabalhos gráficos resultantes da operação. Hoje, a arte é cérebro.

A notinha no jornal foi realmente a ponta do iceberg. Fu Lana saiu daquele site e ou a outros, da Transmediale, por exemplo, e dali, para os museus do mundo. Encontrou diversos brasileiros, digitais e contemporâneos, que se apresentam vida afora. Viu que a ponta de um bloco de gelo pode mesmo nos levar a mudar o mundo.

Confira, abaixo, fotos curiosas, copiadas por Fu Lana, do site da artista multimeios.