Mais uma vez, decretaram o fim das agências de marketing. O "culpado" da vez? A Meta, com o lançamento da proposta batizada de Infinite Creative. A promessa da big tech de Mark Zuckerberg é ambiciosa: automatizar por completo os processos de criação, segmentação, definição de orçamento e otimização de campanhas. 304s5q
A expectativa é que a empresa invista até US$ 65 bilhões em inteligência artificial até 2026. O plano, segundo a própria Meta, é simplificar radicalmente a operação publicitária: basta conectar uma conta bancária, definir o objetivo da campanha e a IA faz todo o resto.
Não demorou muito para surgirem os anúncios apocalípticos:
- "O fim das agências chegou"
- "Zuckerberg decretou a morte das agências de tráfego"
- "Quem aperta botão está com os dias contados"
Mas a verdade é que a internet adora um velório antecipado. E, como acontece em todo hype, enterraram o corpo errado.
Não estamos testemunhando o fim das agências, e sim o colapso de um modelo específico e já obsoleto de atuação. Agências que se limitam à execução de mídia paga, que vivem exclusivamente do clique, do botão e da entrega operacional , de fato, precisarão se reinventar. Já aquelas que atuam de forma consultiva, orientadas por estratégia, posicionamento e geração de valor para o negócio dos clientes, ganham ainda mais relevância neste novo cenário.
A inteligência artificial, quando bem aplicada, é uma poderosa aliada. No mercado B2C, ela pode facilitar parte do processo criativo. No B2B, em que a confiança se constrói por meio de múltiplas interações em jornadas mais longas e complexas, a IA pode ser um excelente copiloto, mas jamais o piloto principal. Isso porque IA sem estratégia gera apenas volume, e volume sem valor se transforma em irrelevância.
Portanto, o debate não deve ser sobre o fim das agências, mas sobre a transformação do nosso papel. O mercado não precisa de nostalgia nem da defesa de estruturas ultraadas. Precisa de empresas e especialistas com capacidade de interpretar dados, conectar soluções e construir estratégias com impacto real.
No fim das contas, se o trabalho gera resultado e resolve um problema real do cliente, a nomenclatura é o que menos importa. Você pode chamar isso de agência, consultoria ou parceiro estratégico. O nome é só um detalhe.
Vinícius Ghise é CEO da Global AD e presidente da regional Rio Grande do Sul da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi-RS)