Platão 2006 50m18

Platão (427-327 AC), no livro VII de A República, apresenta a narrativa que ficou conhecida como O Mito da Caverna. No texto, o filósofo … 1j4mk

25/05/2006 00:00

Platão (427- 327 AC ), no livro VII de A República, apresenta a narrativa que ficou conhecida como O Mito da Caverna. No texto, o filósofo propõe ao leitor imaginar uma situação específica, que desafia o imaginário. 4x3n1h

No interior de uma caverna, estariam seres humanos presos por grilhões, de frente para a parede e de costas para a boca da caverna, por onde penetraria luz. Sem poder olhar para trás ou para os lados as pessoas ariam a acreditar que a realidade era a projeção das sombras sobre a parede do fundo da caverna.

Num segundo momento, Platão propõe que um daqueles indivíduos teria saído, libertando-se dos grilhões.

Em função do impacto da luz, num primeiro momento, ele teria a sensação de cegueira, para, posteriormente, adaptando-se à nova realidade, ar a perceber uma situação efetiva. Descobriria que vivera no engano até então.

Desafiado a retornar à caverna para contar aos seus companheiros seu achado, teria afirmado que não adiantaria, pois ele seria objeto de zombaria, pois acreditariam que a claridade lhe gastara os olhos - o real era o que viviam.

Lembrei desta estória ontem, quando foram divulgadas as pesquisas sinalizando para a vitória de Lula, algumas até mesmo indicando definição no primeiro turno.

Agrilhoado a programas assistencialistas criados no governo anterior, o eleitorado pertencente às classes menos favorecidas parece acreditar que a realidade é isto.

Lula realizou um governo linearmente pífio, pouco voltado ao longo prazo e abaixo do medíocre no curto prazo. Não esqueçamos: a taxa de crescimento do Brasil em 2005 só ficou à frente do Haiti na América Latina.

Pós-11 de setembro, o mundo experimentou um desenvolvimento importante que propiciou uma onda de crescimento da economia mundial consistente. Sentado sobre a prancha chamada Brasil estava um surfista mais apto às ondas de forno de microondas.

Do ponto de vista ético, nosso presidente deu show. O capitão de seu time foi defenestrado do cargo depois do início de uma avalanche de denúncias de corrupção. O kaiser da economia de Lula foi pelo mesmo caminho.

O conjunto da obra é um fiasco, que ou pela tentativa de calar jornalistas e de expulsar correspondentes estrangeiros.

Nas relações internacionais tentou parecer estadista e acabou intransigente defensor dos interesses nacionais da Bolívia. Neste campo, tivemos ainda que assistir ao nosso Juscelino redivivo prestar-se ao papel de Sancho Pança do quixotesco presidente venezuelano. Onde fomos parar?

O desafio das oposições é grande, mas factível. É preciso parar de acreditar que o jogo está jogado e arregaçar as mangas. O Brasil não merece ficar de castigo de novo. Há alternativas consistentes entre os outros candidatos.

Além disso, é importante observar a parceria que restou ao atual presidente. Seus apoios mais consistentes vêm de um ex-membro da tropa de choque do segundo mais corrupto governo do período republicano e do ex-presidente que entrou para a história como o que conseguiu gerar a mais alta taxa de inflação.

Não, o Brasil não merece isto.

É hora de mostrar esta realidade aos eleitores, hora de marketing político sério e conseqüente. Há que tirar os eleitores dos grilhões do clientelismo.