Imagine que num país qualquer as eleições municipais aconteçam em dois turnos nas cidades que tenham um determinado porte. Imagine, também, que este país tenha um presidente que é idolatrado pelo seu povo, que ensina os chefes de governo de países como governar e que percebe a si mesmo como um libelo da ética. Nem importa que no governo deste impoluto líder a corrupção corra frouxa, que seu ministro líder foi cassado, que seus companheiros tenham sido comprados para votar propostas no Congresso Nacional. Lá o que valem são as pesquisas de opinião e nelas o Líder iletrado brilha: ruma aos 100% de aprovação. O que diria Patrick Champagne deste momento? 5m2l2d
Agora feche os olhos e imagine também que neste mesmo país haverá um pleito de segundo turno em várias capitais, que os candidatos apoiados pelo Líder maior não conseguem pronunciar dez palavras sem fazer uma alusão a ele, sempre de forma afetiva e servil. Além disso, o belo Líder teve o cuidado de aparecer nas fotos e vídeos produzidos na campanha eleitoral ao lado de seus protegidos.
Imaginado tudo isto, qual resultado Você esperaria das urnas?
Óbvio que as mais acachapantes vitórias dos homens e mulheres iluminados pelo Líder.
Agora, apenas por hipótese, imagine também que Você está sonhando. Que, no sonho, ao contrário das previsões, os abençoados pelo Líder estão perdendo todos os pleitos com duas exceções: um candidato que mudou de partido, porém antes de mudar chamou o filho do imaculado Líder de ladrão; e, no outro caso, o eleito é fruto de uma esdrúxula coligação do partido do iluminado com o seu maior adversário. Além disso, houve duas candidatas companheiras do Líder que foram patroladas por seus oponentes.
Acorde agora, e volte a imaginar que isto realmente aconteceu. Qual a manchete que Você esperaria?
Nosso Líder sofre fragorosa derrota? Líder, mas nem tanto? É impossível enganar a todos durante todo tempo? Galhofeiro não consegue transferir votos?
Acorde! Está na hora de ligar para a TV e responder à enquete: quem ganhou neste segundo turno? A situação ou a oposição?