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Tem uma música, acho que é do Francis Hime, que traz em sua letra várias cogitações impossíveis, ou quase impossíveis, de acontecer. O "se" … 6bb3b

28/12/2005 00:00

Tem uma música, acho que é do Francis Hime, que traz em sua letra várias cogitações impossíveis, ou quase impossíveis, de acontecer. 1t4o1t

O "se" é explorado ao extremo: se cair neve no verão, se o Botafogo for campeão, etc. Detalhe: o Botafogo acabou sendo campeão, o que desacreditou um pouco a letra.

"Se", costumam dizer os comentaristas esportivos, não joga? Entretanto, a avaliação do lance que tivesse um outro desfecho ou da decisão do árbitro que fosse diferente está sempre presente na análise de jogos e campeonatos.

Se não houvesse sido inventado aquele plastiquinho para fechar potes, estaríamos até hoje usando facas, chaves de fenda e toda parafernália que se tivesse à mão para abrir o vidro de requeijão?

Gostaria, no entanto, no apagar das luzes de 2005 ? que expressão mais antiga! ? de propor uma outra situação: e se não houvesse os descaminhos na articulação política do governo e Roberto Jefferson não tivesse contado o que contou?

Volumes estratosféricos de dinheiro não contabilizado continuariam a azeitar as relações palacianas?

Este dinheiro estaria pagando desde festas em hotéis de luxo e charutos cubanos até honorários advocatícios e despesas de campanha?

Lula estaria todo pimpão preparando-se para uma eleição presidencial apenas para "cumprir o carnê", com recondução garantida ainda no primeiro turno?

José Dirceu estaria ocupando a posição de primeiro ministro virtual do governo e preparando sua candidatura a presidente em 2010?

Haveria uma briga mais acirrada pelas candidaturas majoritárias petistas nos estados?

A ação de Jefferson, evidentemente, não fazia parte da análise de cenários feita pelos artífices do esquema, foi uma anomalia. Alguém "de dentro", que se sentindo excluído e ameaçado, revelou tudo, ou quase tudo, que sabia.

O trágico desta história toda é que fica a sensação na opinião pública de que o Estado Brasileiro é frágil em seus mecanismos de auditoria e controle, dependendo sobremaneira de denúncias para, ainda que de forma branda, agir.

É difícil assegurar que as respostas acima teriam resposta positiva, porém a probabilidade seria muito grande.

Por ora; a não ser por medo de potenciais operadores, pois o negócio ainda está quente; não há nada que garanta que este modelo de corrupção não volte a ocorrer. Aguardemos.

Não podemos continuar na dependência do "se" ?

Feliz 2006 a todos !!!