Especial: Coletiva.net celebra Dia do Estudante
Reportagem conversou com pessoas do segmento acadêmico, no intuito de entender como projetam o pós-pandemia na educação

Nesta quarta-feira, 11, comemora-se o Dia do Estudante. A data celebra o direito básico dos cidadãos, a qual é a busca pelo conhecimento, por meio de atualização constante sobre os temas que nos rodeiam a sociedade. Assim como em outras áreas, a educação também foi afetada pela pandemia e com as normas sanitárias e de distanciamento social, que tiveram de mudar os hábitos e rotinas.
Nesse sentido, a reportagem do Coletiva.net conversou com estudantes e professores de graduação. O intuito é entender de que maneira estão ocorrendo as aulas de modo a preparar profissionais da Comunicação ao mercado de trabalho e o que projetam para o pós pandemia.
ESPM-Sul
Para Artur Vasconcellos, professor de Marketing e coordenador de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing de Porto Alegre (ESPM-Sul), é inevitável falar do pós-pandemia e das perspectivas de retorno ao presencial, tanto nas instituições de ensino quanto nas empresas. Segundo ele, ainda que o modelo híbrido deva seguir, nestes dois ambientes, com momentos presenciais e seguindo do on-line, todos estarão aprendendo um novo formato, que não é nem mais o da pandemia nem o de antes da pandemia.
"Com isso se intensifica a necessidade de maior investimento no ser, e não só no saber, com valorização da saúde mental desses alunos e profissionais para que tenham leveza e prazer na condução das suas atividades", afirma. Dessa forma, ele acredita que se reforça então a possibilidade de se trabalhar as soft skills - habilidades socioemocionais - e a capacidade de executar, tirar as ideias do papel. Ainda cita o campo cognitivo, pela busca por mais profundidade, dominar os assuntos, e não achar que entende por leituras superficiais.
Conforme o aluno e membro das Empresas Juniores da ESPM, Luís Eduardo Castoldi, a diligência com que a instituição encarou o cenário que se formava em março de 2020 foi irável. Segundo ele, na mesma semana em que as aulas foram suspensas, a gestão da universidade já trabalhava na estruturação das operações em formato remoto e também na capacitação dos professores para lecionar naquela contexto novo.
"Além das aulas, todas as atividades de aproximação do mercado foram adaptadas ao formato on-line: Empresas Juniores, Núcleo de Carreira e Mercado e, também, palestras e eventos com gestores consagrados no ramo", explicou. "Embora o contexto, todas as experiências que a ESPM me proporcionou, e a seriedade com a qual encarou esse desafio, me levam à certeza de que escolhi a universidade certa."
Fabico - Ufrgs
De acordo com o professor e coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Felipe Moura de Oliveira, a geração de jornalistas que estamos formando tem um desafio importante que é ar por cima dessa dificuldade da crise causada pela Covid-19. Segundo Felipe, o avanço da Tecnologia ajudou na capacitação de profissionais para o mercado.
Segundo ele, os alunos serão profissionais que sabem lidar com as tecnologias e oferecer uma maior qualidade. E a pandemia também mostrou que a função do jornalista é importante para sociedade. "Essa geração está preparada para lidar com o universo digital e, saber utilizar isso de maneira responsável dentro da profissão é muito bom, diferentemente das antigas gerações que enfrentaram a chegada da Tecnologia e viram, inclusive, a profissão ameaçada."
A estudante de Jornalismo da Fabico Júlia Osório, que está no mercado atuando no jornal Correio do Povo, contempla dizendo que os aspectos de estudos mudaram por conta do isolamento social. "Apesar da pandemia nos impor diversas circunstâncias, eu pude vivenciar diversas questões, em estágios e etc", comentou. Sobre o desafio imposto pela pandemia, ela completa dizendo que, "a gente pode se reinventar e se preparar para o futuro, mas o principal nisso tudo foi saber olhar para o próximo de maneira mais humana, em saber que ali tem uma outra história e uma outra família", explicou Júlia.
Famecos - PUCRS
A aluna Ilana Xavier, graduanda em Jornalismo pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), conta que a pandemia só confirma a necessidade do Jornalismo profissional e qualificado. Ela questiona, "o que seria da sociedade em tempos tão sombrios se a verdade não viesse à tona nos noticiários, não é?". Segundo Ilana, a cada dia que a, por mais difícil que seja ser jornalista no País e por mais que o diploma não seja obrigatório, ela se sente no lugar certo.
Sobre o atual momento, a aluna relata que a Covid-19 causou uma reinvenção generalizada, muitas novas formas de veicular notícias, muitos formatos que não eram explorados, como as calls, por exemplo. "E a universidade também precisou se adequar. Percebo muita humanidade por parte dos professores. Estamos todos sobrecarregados, mas nossa categoria é unida. Na rotina do dia a dia ou nos momentos de estudo, o Jornalismo me faz feliz", ressaltou.
O professor de Jornalismo da Famecos e comunicador do Grupo RBS Filipe Gamba, ressalta que não resta dúvida que este é um momento atípico para todos, pois desde março de 2020 eles estão em formato remoto, o que exigiu dos professores e muito mais para os alunos.
Ainda segundo Gamba, eles estão adaptados, mas nunca estarão acostumados, pois tendem a casar a teoria com a prática. "A nossa filosofia no curso foi minimizar as perdas, não tratamos ela como irreparável, mas dentro desta ideia o nosso foco foi fazer com que os alunos tivessem o aos conteúdos mas também ao mesmo tempo aprendendo um formato que nem nós professores estávamos acostumados", explicou.
Para ele, saímos de uma zona desconhecida e tivemos como crescimento novas ferramentas tecnológicas que conseguiram minimizar esses problemas de modo remoto. "Os alunos estão indo para o mercado de trabalho levando essas experiências que ninguém queria ter. Com isso, carregam um amadurecimento, de uma visão crítica social e política que o jornalista precisa ter. E a maneira como a pandemia foi tratada no nosso país, serviu para que eles pudessem ver ainda mais a relevância do papel desse profissional", afirmou Gamba.
UniRitter
O professor de Relações Públicas do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) Marcelo Tavares, diz que tem uma visão positiva para o futuro. "Posso ser um idealista, mas acredito que os jovens fazem a diferença para o mercado de trabalho e para a sociedade", ressaltou.
De acordo com Marcelo, ele enxerga que alunos são de uma geração muito mais antenada e inovadora do que a dele. "Claro que a pandemia trouxe mais desafios e dificuldades, mas percebo um engajamento deles no cotidiano acadêmico. Eles também vão contar a história da pandemia para a prosperidade e creio que a resiliência adquirida agora vai ser um diferencial para eles", completou o professor.
Agatha Cristina, foi aluna de Relações Públicas no último semestre e se formou na instituição. Conforme ela, as aulas remotas na pandemia, foi muito bom o acolhimento dos professores, pois houve uma adaptação muito boa e conseguiram dar bastante atenção aos alunos. "Eu fiz meu TCC durante a pandemia e consegui todos os livros e auxílio da minha orientadora, acho que isso foi bem importante para que houvesse esse acolhimento e eu conseguisse desempenhar um bom trabalho", exaltou.
Unisinos
Para o alunos do Tynan Barcelos, estudante do 6° semestre de Jornalismo na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), tem sido um período desafiador. "Ao mesmo tempo que tive o privilégio de poder trabalhar de casa, quando nos deparamos pelos cenários que o país viveu durante a pandemia, precisei me adaptar às novas práticas que o jornalismo vem desenvolvendo", disse.
Ele completa dizendo que, de certa forma, enxerga que estas novas práticas vieram para ficar. "Junto com tudo isso, essa busca de oportunidades no setor de Comunicação e do Jornalismo, é algo que está sempre na nossa mente. Eu tenho como desafio fazer essa transição entre o ambiente acadêmico para algo estabilizado na área. Ou seja, essas preocupações sempre estiveram na área da comunicação, creio eu, mas que a pandemia evidenciou ainda mais", explicou.
O professor do Curso de jornalismo da Unisinos Daniel Pedroso, ressalta que estão ando por um momento educacional complicado em função da pandemia, mas que a familiaridade dos alunos com o universo digital acaba tornando as aulas remotas um lugar onde o aprendizado não é apenas dos alunos, mas também do professor. "Aos poucos, as coisas vão voltando ao normal", confirmou. "Acho que voltaremos diferentes para a relação professor-aluno no mesmo espaço, ainda é difícil mensurar o impacto desse afastamento, mas com certeza calor humano não vai faltar", disse. "Viva os alunos! Viva a educação que transforma vidas", manifestou.
Unifin
A estudante de Publicidade e Propaganda da Faculdade São Francisco de Assis (Unifin) Paola Santos Moreira, contou para a reportagem que no início da pandemia pensou que não conseguiria aproveitar as aulas como no presencial, por não ter o contato direto com o professor. "Acabei me surpreendendo, porque todos se comprometeram em dar o seu melhor e respeitar o distanciamento social." Ela acredita que foi um desafio para todos, mas que serviu de aprendizado para sair deste momento mais resiliente e preparada para qualquer que seja a adversidade que apareça no caminho.
"Esse momento abriu a minha mente sobre cursos on-line, aproveitei que estou estudando e trabalhando em casa, para me especializar a fazer outros referentes a minha área, para me preparar ainda mais para o mercado de trabalho. Acabou sendo um momento, pelo menos pra mim, de bastante produtividade."
A professora de Publicidade e Propaganda da Unifin, Candida Maria Praia Carravetta De Carli contou que os estudantes despertaram para o autoconhecimento. "É sempre o meu objetivo em cada disciplina. Trabalho com as disciplinas, meu foco é a criatividade. Não essa que foi popularizada. Mas a que realmente temos que despertar porque foi absorvida pela sociedade", disse Candida.
Ulbra
Segundo o professor de Comunicação Social da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Sérgio Lima Lorenz, a questão da pandemia vem sendo trabalhada dentro das salas de aula, inclusive com relação com a morte e principalmente a realidade do mercado da Comunicação. "As novas tecnologias estão sendo abordadas sempre, incluindo dentro da prática de professor e as possibilidades de aprensizagem", contou.
Hoje, teremos alunos mais preparados adaptados com com uma capacidade grande de se moldarem por meio das novas experiências. "O nosso papel é usar isso e não colocar em risco as formas práticas de trabalho", ressaltou.
As alunas indicadas pela Ulbra para dar o relato, não responderam até o fechamento desta reportagem.
Univates
Para Maurício Hergemoller, professor do Comunicação Visual da Universidade do Vale do Taquari (Univates), a pandemia fez com que alunos e educadores assem a substituir o ambiente presencial, milenar e já consolidado, pelo ensino remoto, contemporâneo e emergente, explorando assim novos espaços para construção do conhecimento. "Os dispositivos tecnológicos que até então eram pouco utilizados no ambiente acadêmico, tornam-se o principal meio de comunicação e pesquisa no ensino remoto", explicou.
"Também é importante ressaltar que quem opta pelo presencial não está familiarizado com o ensino a distância ou não gosta desse formato, portanto, o ensino remoto acaba se tornando um desafio para professores e estudantes."
Conforme o aluno Leonardo Luís Fassini Barili, do curso de Comunicação Visual da Univates, é um grande privilégio poder retornar a presencialidade, tendo contato novamente com a universidade. "Sem dúvida foi de grande importância para nossa visão do mercado de trabalho, além de nos mostrar uma rotina Home office, que virou tendência no cenário atual, foi possível visualizar com mais clareza, e no meu caso, criar uma blindagem maior sobre o que penso sobre minha vida no mercado de trabalho", ressalta o aluno.
Leonardo ainda deixou uma mensagem para o Dia do Estudante: "Ajude o seu colega, se preocupe com o seu semelhante, todos estamos no mesmo nível, todos estamos para aprender, faça um pouco pelo outro, somos todos um só, somos todos aprendizes, é mais fácil para um estudante ser ajudado por outro. Não pense apenas no que você pode absorver para si, mas no que você pode ensinar para o próximo, ensinar é a forma mais fácil de aprender!"
Por diversos meios, a reportagem procurou e tentou contato com outras instituições de ensino do Rio Grande do Sul, como: Fadergs, Universidade Feevale, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), mas até o fechamento da matéria, não obteve retorno.